Vice-presidente, na altura, ficou genuinamente surpreendido e emocionado quando percebeu que iria receber a mais alta condecoração dos EUA.
Joe Biden saiu da Casa Branca para Donald Trump entrar. No dia da tomada de posse, o ex-presidente cumpriu o protocolo obrigatório, recebeu o novo presidente, esteve presente nas cerimónias, no juramento, ouviu Trump a falar e foi embora de helicóptero.
Ao falar no próprio dia da tomada de posse, na segunda-feira, mas num palco secundário, Joe Biden pediu aos democratas para se manterem firmes: “Deixamos o cargo mas não abandonamos a luta! Vocês são inteligentes, têm capacidades e paixão. O país precisa de vocês, de novo”.
Em relação ao discurso de Trump na tomada de posse (que já tinha acontecido), o agora antigo presidente pouco disse: “Hoje ouvimos o discurso e há muito mais a fazer…” – e benzeu-se, soltando gargalhadas entre os presentes.
Esta foi a segunda vez que Biden saiu e Trump entrou.
Há oito anos, em 2017, fizeram o mesmo percurso, embora na altura Joe Biden fosse vice-presidente na administração Obama.
Uma semana antes da (primeira) tomada de posse de Donald Trump, Barack Obama estava a falar numa cerimónia de despedida da Casa Branca. Biden estava ali ao lado, a um metro de distância.
Na verdade, Biden confessou depois que nem sabia que aquela cerimónia iria acontecer. Pensou que só ia com o casal Obama à Casa Branca para um momento de despedida com meia dúzia de companheiros de trabalho mais próximos.
Não foi isso que aconteceu.
Perante a imprensa e dezenas ou centenas de convidados, e em directo para as televisões, o então presidente começa a dizer: “Quero prestar homenagem a alguém que, não só esteve ao meu lado durante esta jornada, mas dedicou toda a sua vida profissional a servir este país”.
Sim, era sobre Joe Biden, “o melhor vice-presidente que os EUA já tiveram“, continuou Barack Obama.
Num discurso de quase 15 minutos, elogiou o seu braço-direito e amigo, que o ajudou a ser um melhor presidente, assegurou. “É um dos melhores homens que Deus criou“, acrescentou.
A certa altura, pediu ajuda aos militares que estavam na sala. Biden começou a olhar para o lado, não percebia o que estava a acontecer, ou o que ia acontecer.
Percebeu rapidamente, quando Obama disse: “Tenho o prazer de entregar a mais alta distinção civil dos EUA, a Medalha Presidencial da Liberdade”.
Joe Biden não resistiu.
Além das reacções imediatas (e audíveis) do público, o vice-presidente soltou um “uou”, virou as costas para todos, pegou num lenço e começou a limpar as lágrimas. Algo que já tinha feito durante o discurso do presidente.
Longo aplauso de pé. Ligeira pausa.
Quando se virou novamente, Biden vinha a dizer “não” com a cabeça. Sentia que não merecia aquela medalha.
Refira-se que só 7 presidentes dos EUA receberam a Medalha Presidencial da Liberdade. Joe Biden foi o primeiro vice-presidente na lista.
E foi apenas a quarta pessoa a receber a medalha com distinção, depois de: Papa João Paulo II, Ronald Reagan e Colin Powell. E o único a chegar a esse estatuto durante a presidência de Barack Obama.
Ainda emocionado, num ritmo muito lento, e ainda a dizer “não” com a cabeça, Joe Biden foi discursar enquanto limpava lágrimas.
Não poupou elogios a Barack Obama: “Esta relação que tivemos… Acho que nunca tinha havido entre presidente e vice-presidente. Relação real. E é tudo graças a si, senhor presidente. Tudo graças a si”.
“Nós não tivemos apenas as mesmas filosofias e ideologias políticas: foi o único presidente que conheci – e das raras pessoas que conheci em toda a vida – com esta integridade, decência e atenção para com as necessidades dos outros”.
E assegurou: “Nunca nunca nunca nunca nunca nunca duvidei, uma única vez, das suas decisões. Discordámos, discutimos, mas nunca duvidei”.
“Eu vi essa mente prodigiosa, esse grande coração. Eu vi. Este homem é notável“.
Joe Biden foi mais longe ao dizer que, quando os livros de história descreverem os mandatos de Barack Obama, Joe Biden deveria aparecer como parte “dessa jornada de um homem notável, que fez coisas notáveis por este país. Coisas notáveis”, reforçou, sendo aplaudido nessa altura.
Foram 20 minutos a falar, repetindo uma ideia: “Eu não mereço isto. Estão a dar-me créditos que não mereço. Mas sei que isto vem do coração do presidente”.
No fim, assegurou que ele e a sua família estariam sempre disponíveis e presentes para Barack Obama e sua família. “E sei que é recíproco”.