O Sistema Solar tem a forma de um croissant. A culpa é das partículas de hidrogénio

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Merav Opher / Boston University

Em março de 2020, uma equipa de físicos revelou um novo modelo da heliosfera e um campo de força magnético em forma de croissant. Agora, os mesmos investigadores descobriram porque é que a nossa heliosfera tem esta forma particular.

A heliosfera é uma fronteira de influência solar, dentro da qual os objetos do Sistema Solar estão protegidos da poderosa radiação cósmica.

Compreender como funciona esta estrutura é fundamental para a compreensão do próprio Sistema Solar e até da vida na Terra.

Como esta bolha “oferece proteção contra os raios cósmicos galácticos, a sua forma pode afetar a forma como esses raios entram na heliosfera“, explicou o astrofísico James Drake, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.

No ano passado, com dados das sondas Voyager e New Horizons, os físicos determinaram que a heliosfera poderia ter a forma de um croissant cósmico.

Recentemente, foram mais além e descobriram que as partículas de hidrogénio neutras que fluem para o Sistema Solar a partir do Espaço interestelar desempenham, muito provavelmente, um papel importante na escultura da forma da heliosfera.

Segundo o Science Alert, a equipa concentrou-se nos jatos heliosféricos, jatos de material que emanam dos pólos do Sol, moldados pela interação do campo magnético solar com o campo magnético interestelar.

Ao contrário dos jatos comuns, estes curvam-se empurrados pelo fluxo interestelar, como as pontas de um croissant. São, na verdade, as caudas do Sistema Solar.

Os físicos realizaram uma modelação computacional, e prestaram particular atenção aos átomos de hidrogénio neutros. Quando os retiraram do modelo, os jatos solares tornaram-se estáveis.

De acordo com o artigo científico, publicado recentemente no The Astrophysical Journal, o fenómeno ocorre devido à interação do hidrogénio neutro com a matéria ionizada na heliosfera.

Esta interação produz uma instabilidade Rayleigh-Taylor, um fenómeno que acontece na ligação de dois fluidos de densidades diferentes, quando o fluido mais leve empurra para o mais pesado.

Isto produz turbulência em grande escala nas caudas da heliosfera e confere ao Sistema Solar a forma de um croissant.

Liliana Malainho, ZAP //

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3 Comments

  1. Muito interessante matéria. Parabéns
    Agora uma brincadeira, será que não estamos na barriga de um tardigrado, envés de ser o recheio de croissant?

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