Costuma dizer-se que o tempo passa de maneira diferente para os animais. E não é sem fundamento. De facto, há estudos que sugerem que alguns percecionam a passagem do tempo de forma mais rápida, outros mais lenta — e alguns vivem mesmo o mundo em slow-motion. Mas porquê?
As salamandras e os lagartos, por exemplo, parecem ter uma perceção do tempo mais lenta do que os cães e os gatos.
Isto porque, explica a Science Focus, essa perceção depende da rapidez com que o cérebro consegue processar a informação que lhe chega, sendo alguns animais mais rápidos do que outros.
Um estudo de 2013 realizado em animais de diferentes portes utilizou impulsos de luz para detetar a reação de cada um a estes estímulos. A conclusão foi que os animais mais pequenos, com um metabolismo mais rápido, conseguem detetar frequências mais elevadas de luzes intermitentes do que os animais mais corpulentos e lentos.
Ou seja, os animais mais pequenos percecionam o tempo mais lentamente, e é por isso que são mais ágeis e rápidos a agir. Isto porque, quando tentamos, por exemplo, matar uma mosca e ela se desvia extremamente rápido, ela teve “muito tempo” para se desviar, na sua perceção.
Outro estudo mais recente, de 2022, prova exatamente essa teoria: “Já sabemos que os diferentes animais têm uma perceção do tempo diferente da nossa“, disse o autor principal, Kevin Healy, à New Scientist.
Através de um teste semelhante, os autores descobriram que a estrela-do-mar-coroa-de-espinhos (Acanthaster planci) é a que deteta as mudanças a um ritmo mais lento, registando apenas três flashes a cada 4 segundos — menos de um por segundo. “No seu mundo, tudo é apenas um borrão”, disse o investigador.
Por outro lado, as libélulas são quem mais rapidamente se apercebe das mudanças no seu ambiente, detetando 300 flashes por segundo — quase cinco vezes mais depressa do que os humanos e 400 vezes mais depressa do que as estrelas-do-mar. “É quase como o bullet time em Matrix“. Apanhar uma libélula é, portanto, uma tarefa hercúlea.
De acordo com a Science Focus, alguns animais parecem ainda ser capazes de aumentar ou diminuir a sua experiência do tempo para se adaptarem às suas necessidades. Antes de partirem para a caça, alguns peixes-espada, por exemplo, aumentam o fluxo sanguíneo para o cérebro.
Os campeões são os animais voadores, e é por isso que é tão difícil matar uma mosca. O investigador Kevin Healy resume: “Se voa, vê mais depressa“.