O provérbio “quando mija um português mijam logo dois ou três” tem raízes evolutivas profundas

Um estudo publicado esta segunda-feira explica, finalmente, por que é que “quando mija um português mijam logo dois ou três”.

Os chimpanzés são como nós (ou ao contrário). Em contexto de grupo, nunca vão urinar sozinhos. É um fenómeno que, num estudo publicado esta segunda-feira no Current Biology, os cientistas apelidaram de “mição contagiosa”.

Nos grupos de pessoas costuma acontecer o mesmo. No caso dos homens, o fenómeno é explicado pelo provérbio “quando mija um português mijam logo dois ou três”. No caso das mulheres, que tendem a fazê-lo aos pares, diz-se que “uma conta a história e a outra urina-se a rir”.

“Nos seres humanos, sabemos que a nossa decisão de urinar é influenciada por contextos sociais que nos levam a urinar em simultâneo com outros, e que esta micção simultânea pode promover uma maior ligação social“, disse o autor do estudo Shinya Yamamoto, da Kyoto University (Japão), ao Live Science.

“O nosso estudo com chimpanzés [os nossos parentes vivos mais próximos] mostra claramente que eles partilham algumas semelhanças neste fenómeno, sugerindo a origem evolutiva profunda da micção contagiosa”, acrescentou.

A equipa decidiu começar a estudar o comportamento depois de reparar que um grupo de chimpanzés num jardim zoológico tinha tendência para urinar mais ou menos à mesma hora.

Como detalha a Live Science, os investigadores observaram 20 chimpanzés em cativeiro no Santuário de Kumamoto, no Japão, durante mais de 600 horas.

Juntos urinamos mais fortes: Micção cumprida!

Confirmou-se o que se esperava. Quando um chimpanzé do grupo urinava, era mais provável que os outros o fizessem também. A posição social também influenciou este comportamento. Os chimpanzés com níveis de dominância mais baixos tinham mais probabilidades de urinar quando viam os líderes urinar.

A micção contagiosa pode ser importante para a coesão dos grupos, para a coordenação ou para o reforço dos laços sociais, concluíram os investigadores.

Outra teoria é a de que os chimpanzés urinam num único local para dissuadir ou confundir os predadores, reduzindo o risco de serem seguidos através de odores de urina dispersos.

“Somos muito influenciados pela presença dos outros, mesmo em atividades mundanas. Tanto nos chimpanzés como nos humanos, comportamentos como bocejar, andar, bater ritmicamente e até o tamanho da pupila são conhecidos por serem contagiosos”, explicou, à Live Science, a líder da investigação, Ena Onishi.

Estudar a “micção contagiosa” pode ajudar os cientistas a compreender o comportamento dos antepassados comuns dos humanos com os chimpanzés e a origem do costume social nos humanos, do qual terá surgido o famoso provérbio: “quando mija um português mijam logo dois ou três”.

ZAP //

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