O misterioso bálsamo da eternidade das múmias do Egipto tinha um cheiro delicioso

Christian Tepper / Museum August Kestner, Hannover

Um dos vasos canópicos de Senetnay, nobre egípcia mumificada cerca de 1450 a.C.

Os cientistas desvendaram o mistério por trás do “cheiro da eternidade”, recriando o aroma único que preservou uma nobre egípcia mumificada cerca de 1450 a.C.

Uma equipa de investigadores identificou com sucesso a mistura complexa de bálsamos em vasos canópicos que guardavam os órgãos mumificados de Senetnay, uma mulher de alta posição social que serviu como ama de leite ao Faraó Amenófis II.

O estudo, que recorreu a técnicas avançadas de análise química, foi conduzido por investigadores do Instituto Max Planck de Geoantropologia da Alemanha, liderados pela arqueóloga Barbara Huber, e apresentado num artigo publicado esta quinta-feira na Scientific Reports.

O processo de mumificação de Senetnay envolveu bálsamos sofisticados, com ingredientes provenientes de locais distantes, refletindo o seu estatuto de elite.

Técnicas de cromatografia gasosa e espectrometria de massa revelaram uma mistura diversificada, incluindo cera de abelha, óleos vegetais, gorduras animais ricas, betume e várias resinas de árvores.

Surpreendentemente, realça o Science Alert, os bálsamos também continham cumarina, um composto com cheiro a baunilha, o que contribuía para enriquecer o aroma do bálsamo.

A equipa de investigadores encontrou variações nas proporções de ingredientes em cada um dos vasos que guardavam os órgãos de Senetnay, sugerindo que os bálsamos eram personalizados para órgãos individuais.

Este nível de detalhe é incomparável em outras múmias da mesma época, contribuindo com novas perspectivas para o nosso entendimento das práticas mortuárias do antigo Egipto.

Christian Tepper / Museum August Kestner, Hannover

Vaso canópico com os pulmões de Senetnay

“Estas descobertas mostram a importância das extensas rotas comerciais do Egito, já que muitos ingredientes não eram nativos do Egito”, explica o o egiptólogo Christian Loeben, do Museu August Kestner na Alemanha, numa nota de imprensa publicada no site do Instituto Max Planck.

Um dos bálsamos continha larixol, uma substância da resina de coníferas do género Larix, enquanto outro possivelmente tem resina de árvores dipterocarpaceae encontradas na Índia e no sudeste da Ásia.

Embora os textos egípcios antigos forneçam pouca informação sobre o processo de mumificação, estas análises científicas aumentam significativamente o nosso conhecimento.

O aroma antigo recriado pela equipa de investigadores vai ser apresentado brevemente numa exposição no Scientific Reports., na Dinamarca

ZAP //

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