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“O óleo de vape não sai do meu pulmão”. E agora?

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“O problema é irreversível”. Ficou internado por fumar cigarro eletrónico e, desde então, o óleo não abandonou os seus pulmões. 10 meses depois, Gabriel ainda recebe tratamento e acompanhamento.

Fumador desde os 18 anos, Gabriel Nogueira Souza trocou o cigarro comum pelo eletrónico, também conhecido como vaporizador ou vape, em 2022. Foi também nesse ano que o jovem de 23 anos teve de acompanhar a sua mulher — que se preparava para ser operada à coluna — num hospital.

“Como no hospital não podia fumar, passei a usar o cigarro eletrónico para sustentar o vício, uma vez que não era detetável pelo alarme de fumo e não deixava cheiro no local”, conta. Foram três meses a usar o vape — tempo suficiente para Gabriel sofrer graves consequências.

“Um dia, do nada, acordei a tossir sangue, com muita dor no corpo ao ponto de não conseguir levantar-me da cama. Pensava que ia morrer de tanta dor na região das costelas”, confessa, dizendo que foi imediatamente para o hospital, onde ficou internado por um mês.

Com a saturação baixa e falta de ar, fez vários exames como tomografias e raios-x. O diagnóstico foi simples: opacidades reticulares e em vidro fosco, broncopneumonia e enfisema pulmonar.

O vidro fosco, mancha no pulmão semelhante a um vidro embaciado, não é por si só uma doença, mas sim uma alteração que aparece no pulmão e pode indicar vários problemas; já a broncopneumonia é uma inflamação das estruturas internas do pulmão — os brônquios e os alvéolos; por fim, o enfisema pulmonar é uma irritação crónica onde os alvéolos pulmonares são destruídos e acabam por perder a sua função, fazendo com que o paciente tenha muita dificuldade em respirar.

O tratamento de Gabriel foi feito com antibiótico injetado, mas foram precisos 30 dias até apresentar alguma melhoria.

“Os médicos explicaram que não foi o cigarro comum que causou os danos. Nos exames, ficou constatado que dentro dos brônquios havia óleo que compõe os cigarros eletrónicos”, relata Gabriel: “o problema é irreversível, porque esse óleo não tem como sair do meu pulmão.”

As sequelas: Gabriel ainda faz fisioterapia

Quase dez meses após sair do hospital, Gabriel faz sessões de fisioterapia e um tratamento para recuperar dos danos causados pelo vape.

Para que a sua situação não se agrave ainda mais, Gabriel pretende manter uma alimentação saudável e fazer exercício físico regularmente para fortalecer os pulmões. Além disso, não pode fumar qualquer tipo de cigarro e, apesar de não o fazer, ainda se sente limitado no dia-a-dia por causa da falta de ar persistente.

“Tenho falta de ar quando estou a dormir, o que faz com que muitas vezes acorde devido à dificuldade de respirar. No mês passado, fiquei dois dias internado devido a esse problema”, conta.

“Eu achava que o cigarro eletrónico fazia tanto mal como o cigarro comum, mas é infinitas vezes pior. Tenho apenas 23 anos e fiquei com a minha saúde comprometida por causa dele. Se soubesse, nunca o teria usado.”

As substâncias perigosas do cigarro eletrónico

Sob a promessa inicial de ser menos prejudicial à saúde do que o tradicional cigarro, o cigarro eletrónico popularizou-se especialmente entre os jovens.

Enquanto o cigarro tradicional funciona através da combustão de alcatrão, nicotina e de uma combinação de mais de 40 substâncias químicas, os eletrónicos funcionam com uma bateria e diferentes mecanismos que produzem o vapor que é inalado pelo consumidor.

A composição do óleo varia de acordo com o fabricante. Muitos têm nicotina e outras substâncias líquidas como glicerol, glicerina vegetal, propilenoglicol e flavorizantes, responsáveis por dar sabor.

“Todas essas substâncias podem causar danos à saúde, como irritação nas vias aéreas e nos broncos, bronquite, inflamação e alteração na função pulmonar“, explicou à BBC News Brasil o pneumologista André Nathan, do Hospital Sírio-Libanês.

Além dos problemas no sistema respiratório, estudos científicos concluem que o vapor inalado pode comprometer o sistema cardiovascular e aumentar o risco de cancro do pulmão e noutros órgãos.

// BBC

3 Comments

  1. Epah… Não acreditem nos médicos! Não sejam ovelhas! Acreditem antes nos fabricantes de cigarros e vapes. Esses são uns santos completamente desinteressados em ganhar milhões e por isso é que zelam pela nossa saúde!

  2. Eu prefiro mil vezes morrer com cancro de pulmão a ganir como um cão numa maca num corredor de um qualquer hospital do que dar razão aos supostos médicos que me dizem para deixar de fumar e fazer exercício!
    São uns aldrabões, porque há um estudo que me falou há uns tempos no café o meu primo que está casado com a amiga de um tio que é neto de um conhecido do feicebuque, e que diz que deixar de fumar e fazer exercício é um esquema para nós meterem uns entrolhos! Eu é que não sou ovelha!

  3. E não se vacinem porque já está provado que quem se vacinou ficou com 3 braços e 4 olhos. Inclusivamente ganhou cabelo nos dedos dos pés.

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