O Oceano Ártico esconde o segredo de um novo tipo de antibiótico

ZAP // Dall-E-2

Uma equipa de cientistas encontrou dois novos compostos com capacidade de combater bactérias nocivas.

As substâncias produzidas pelos micróbios do Oceano Ártico, denominadas actinobactérias, conseguem impedir o crescimento de bactérias nocivas e evitar que estas causem doenças.

Num novo estudo, publicado na semana passada no Frontiers in Microbiology, os investigadores analisaram compostos desconhecidos que tinham sido extraídos de actinobactérias que vivem no interior de invertebrados.

Segundo o IFLScience, as amostras foram recolhidas durante uma expedição ao Oceano Ártico em 2020.

Seguidamente, examinaram se os compostos produzidos por quatro espécies de actinobactérias podiam impedir as bactérias E.coli enteropatogénica (EPEC) de infetar células cultivadas em laboratório.

“Descobrimos um composto que inibe a virulência da EPEC sem afetar o seu crescimento, e um composto que inibe o crescimento, ambos em actinobactérias do Oceano Ártico”, diz a primeira autora do estudo, Päivi Tammela.

A equipa descobriu que os dois componentes apresentam propriedades antibacterianas fortes, um de uma estirpe de actinobactérias do género Kocuria e outro de uma estirpe pertencente ao género Rhodococcus.

O primeiro é de uma estirpe (T160-2) de Kocuria e inibe o crescimento de bactérias. A segunda é de uma estirpe desconhecida (T091-5) do género Rhodococcus. Este composto impediu a E. coli de se fixar no revestimento intestinal do hospedeiro e inibiu a ligação entre a bactéria e o recetor Tir.

Além disso, conseguiu impedir as bactérias EPEC de se ligarem à superfície celular e de injetarem substâncias que permitem aos micróbios sequestrar a sua maquinaria molecular e causar doenças.

Por sua vez, enquanto a bactéria Kocuria produziu compostos que abrandaram o crescimento da EPEC, o composto da bactéria Rhodococcus não o fez.

“Até agora só fizemos estudos in vitro, por isso ainda estamos muito longe de saber se os compostos têm algum significado real em termos de uso clínico”, conclui Tammela.

Os micróbios nocivos estão a tornar-se resistentes aos tratamentos comuns pelo que é cada vez importante encontrar novos compostos que sejam úteis na luta contra as bactérias.

Soraia Ferreira, ZAP //

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