Cristãos palestinianos realizaram este sábado uma “sombria” vigília de Natal em Belém, a cantar e rezar com velas acesas, pela paz na Faixa de Gaza, em vez das celebrações festivas no local onde acreditam que Jesus nasceu.
Os sinos das igrejas ecoam pelas ruas de Belém. Com a aproximação do Natal, a cidade na Cisjordânia ocupada por Israel deveria estar cheia de visitantes.
Mas este ano, a cidade está quase deserta. Não há turistas ou peregrinos, pela primeira vez na história, nota o The Washington Post.
Não há paradas, não há bandas, não há cânticos. Não há Pais Natal a dar doces às crianças. O Natal foi cancelado na terra onde Jesus nasceu.
Os líderes religiosos locais tomaram a decisão de reduzir as festividades, em solidariedade com a população palestiniana, enquanto decorrem os intensos combates entre Israel e o Hamas na devastada Faixa de Gaza, que já trouxeram a morte a mais de 20 mil pessoas.
Em vez das tradicionais decorações natalícias, uma igreja tem um presépio diferente: Jesus não está no seu berço de palha, mas num monte de escombros, envolto num keffiyeh e rodeado de arame farpado.
“Isto é o Natal na Palestina”, diz o pastor luterano Munther Isaac, “esta é a verdadeira mensagem. Se Jesus nascesse hoje em Belém, nasceria no meio de um monte de escombros”.
A Terra Santa é maioritariamente habitada por judeus e muçulmanos. Mas cerca de 2% dos palestinianos da Cisjordânia são cristãos, muitos dos quais traçam orgulhosamente as suas raízes cristãs a mais de um milénio de história.
A mensagem anual de Natal de Hanna Hanania, presidente da Câmara de Belém, foi marcada este ano pelo luto que cobriu a região, causado por uma guerra que o autarca considera uma “limpeza étnica” e “genocídio”.
“Estou triste e perturbado com o fracasso moral do Ocidente em parar o assassinato de civis em Gaza”, diz Samir Hazboun, presidente da Câmara de Comércio local, citado pelo The Guardian.
Este ano não há comércio em Belém. Não há restaurantes abertos, as lojas estão fechadas. A maior parte dos comerciantes dizem que têm demasiado medo de vir trabalhar.
Este ano, não há Natal na terra onde Jesus nasceu.