Bill Gates, que nos avisou sobre a pandemia e até escreveu um livro sobre como prevenir a próxima, acredita que o mundo teve sorte com a covid-19.
Segundo números oficiais, a covid-19 infetou mais de 540 milhões de pessoas e matou mais de seis milhões em todo o mundo.
No entanto, um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicado no mês passado estima que a doença foi responsável por 15 milhões de mortes, quase três vezes a estimativa oficial. Mesmo com estes números, Gates acredita que o mundo teve sorte de a taxa de mortalidade ser apenas 0,2%.
Gates está preocupado que a próxima pandemia possa ser um vírus tão forte como a covid-19, mas mais fatal. Mesmo que a taxa de mortalidade deste vírus fosse de 5%, advertiu Gates, podíamos ver “a sociedade acabar“.
Gates também garante que as hipóteses de ocorrência da próxima pandemia são bastante elevadas, e a maioria das pessoas que enfrentaram a covid-19 provavelmente ainda vão chegar a enfrentar outra pandemia.
De acordo com o fundador da Microsoft, que agora trabalha mais através da sua fundação, as hipóteses de outra pandemia nas próximas duas décadas chegam a atingir os 50%.
Embora se pense em pandemias como a gripe espanhola como eventos únicos num século, estas têm vindo a ocorrer com maior frequência ao longo do tempo.
De acordo com o Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), os Estados Unidos registaram surtos de gripe de nível pandémico entre 1957 e 1958, 1968, e mais recentemente em 2009. Assim, prever outra pandemia dentro de mais vinte anos não é assim tão difícil de imaginar.
Gates acredita que as pandemias são inevitáveis e a única forma de as enfrentar é evitar que os surtos se transformem numa pandemia.
Através da sua fundação, Gates tem trabalhado de perto no combate às doenças infeciosas em alguns dos países mais pobres do mundo.
O bilionário tem mobilizado projetos de construção de sistemas de saúde e ferramentas de diagnóstico em países ricos e pobres, bem como investido em vacinas e medicamentos para combater estas doenças, segundo a Interesting Engineering.
No início do mês passado, propôs também a criação de uma equipa global de monitorização de doenças infecciosas, que seria constituída por epidemiologistas e modeladores informáticos para identificar as ameaças emergentes.
As operações da equipa custariam provavelmente um bilião de dólares por ano, mas Gates acredita que pouparia muito mais nos benefícios que proporcionaria.
Gates também declarou que os primeiros 100 dias foram críticos para conter a propagação do vírus, e devem ser feitos esforços para assegurar que os surtos sejam assinalados e controlados neste período, para que as infeções não se espalhem.
Isto implicaria a implementação de testes de diagnóstico e vacinas para combater a infeção, um objetivo ambicioso mas, segundo Gates, possível.
Sorte? Sorte, não. Vacinas!
Se fosse mais fatal não se disseminaria com tanta facilidade. Veja-se o Ébola. Tem uma taxa de mortalidade muito superior ao Covid e, no entanto, mata muito menos. Está confinado geograficamente. Um vírus que mata o hospedeiro não se propaga com tanta facilidade.