O maior iceberg do mundo — A23a — foi visto recentemente a dar uma volta completa de 360º enquanto flutua ao largo da costa da Antártida.
Em novembro passado, o A23a foi notícia quando o British Antartic Survey (BAS) anunciou que este estava em movimento pela primeira vez em mais de três décadas.
Atualmente, o iceberg está a sair do Mar de Weddell e a descer o “Beco dos Icebergues” — uma rota que muitos icebergs seguem depois de partirem da Antártida continental.
Esta semana, o BAS partilhou imagens do A23a dar uma volta de 360º.
As imagens foram registadas entre o final de dezembro de 2023 e fevereiro de 2024 pelo Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer — um instrumento a bordo dos satélites Terra e Aqua da NASA.
Com uma altura de 400 metros e a cobrir uma área de 4000 km2, o pedaço de gelo flutuante é duas vezes maior do que a Área Metropolitana do Porto.
The #A23a megaberg is in its spinning era 💃💞
These dance moves down #IcebergAlley are part of the iceberg’s long, melty journey into warmer waters.
Don’t be deceived by your screen size – this is the biggest iceberg in the world, around the size of Cornwall or Rhode Island! pic.twitter.com/XF5UWg4NBz
— British Antarctic Survey 🐧 (@BAS_News) February 14, 2024
O BAS tem estado a acompanhar de perto as viagens do A23a. Em dezembro de 2023, os cientistas, a bordo do RSS Sir David Attenborough, recolheram amostras de água do mar à volta do A23a para ver como é que o seu movimento afeta a vida na região polar.
“Sabemos que estes icebergs gigantes podem fornecer nutrientes às águas que atravessam, criando ecossistemas prósperos em zonas que, de outro modo, seriam menos produtivas”, afirmou Laura Taylor, biogeoquímica da BAS e da Universidade de Cambridge, que trabalha no RRS Sir David Attenborough.
“O que não sabemos é a diferença que determinados icebergs, a sua escala e a sua origem podem fazer nesse processo”, acrescenta a investigadora. “Recolhemos amostras das águas superficiais do oceano atrás, imediatamente adjacentes e à frente da rota do iceberg.
“Estas amostras deverão ajudar-nos a determinar que vida se poderá formar em torno do A23a e qual o impacto deste iceberg e de outros semelhantes no carbono dos oceanos e no seu equilíbrio com a atmosfera”, explica a biogeoquímica.
De acordo com o IFL Science, o A23a nasceu em agosto de 1986, quando se desprendeu da costa antártica, antes de ficar quase imobilizado, preso ao fundo do mar lamacento durante 40 anos.
Perdeu — por pouco tempo — o título de maior iceberg do mundo, em maio de 2021, quando o A76 se desprendeu da plataforma de gelo de Ronne, no mar de Weddell.
Este iceberg media inicialmente 4320 km2, mas, mais tarde, fragmentou-se em três pedaços.
De qualquer forma, o próprio A23a é relativamente pequeno, comparado com o maior iceberg de todos os tempos, que tinha sido avistado em 1956.
Como isto ocorreu antes das imagens de satélite, não é conhecido o tamanho exato, mas estima-se que teria cerca de 335 km de comprimento e 97 km de largura, traduzindo-se numa área de cerca de 32 000 km2.