Num mundo com mais de 10.000 espécies de aves, apenas três tipos de aves produzem “leite”: os pombos, os flamingos e os pinguins imperadores.
O leito produzido por estas aves não é o típico leite mamífero — porque, como é fácil de adivinhar, as aves não têm mamilos.
Mas a composição química do leite destas aves é semelhante ao dos mamíferos, e serve um propósito similar, embora com um aspeto um pouco diferente; infelizmente, parece queijo fresco, nota a Popular Science.
A hormona que estimula a produção de leite de pombo, por exemplo, chama-se prolactina — a mesma hormona que causa a lactação em mamíferos como nós.
Então, como é que as aves produzem leite?
O leite das aves é secretado a partir do revestimento dos seus papos, uma parte do sistema digestivo semelhante a uma bolsa, tipicamente usada para armazenamento de comida.
A forma como as três espécies de aves produzem leite, e as circunstâncias que as levaram a ganhar essa capacidade, variam.
O pombo moderno vive tipicamente em ambientes urbanos inóspitos. Quando os seus bebés nascem, precisam de muitas proteínas e gordura — que os pombos não teriam forma fiável de fornecer, se não pudessem secretar leite de papo.
Os pombos, tanto o macho como a fêmea, começam a produzir leite alguns dias antes de os ovos eclodirem e começam a alimentar os bebés assim que nascem. Os pombinhos são alimentados exclusivamente com leite de papo durante a primeira semana ou duas primeiras semanas de vida.
Agora o leite de flamingo. O tal que é cor de rosa. Da mesma forma que os pombos, quer o macho quer a fêmea de flamingo produzem leite de papo para os seus filhotes.
A evolução obrigou os flamingos a produzir leite de papo devido à forma muito característica dos seus bicos e do seu mecanismo singular de alimentação.
A cor um pouco radical do leite de flamingo, entre o cor de rosa e o vermelho vivo, é devida à sua dieta alimentar, rica em carotenoides — um tipo de pigmento orgânico encontrado na natureza, por exemplo nos camarões de água salgada do género Artemia.
Assim, são estes pequenos camarões, muito ricos em carotenoides, que conferem aos flamingos (e ao seu leite) a sua característica cor rosa ou vermelha.
Os flamingos filtram estes pequenos organismos da água e do lodo através de um processo especializado, usando os seus distintivos bicos curvados, que funcionam como uma peneira.
Quando os flamingos bebés nascem, os seus bicos ainda não estão ainda suficientemente desenvolvidos para este tipo de alimentação, pelo que os papás flamingos alimentam-nos regurgitando leite de papo até que os filhotes possam comer sozinhos.
Finalmente, o leite de pinguim. No caso dos Pinguins Imperadores, são as fêmeas que procuram alimento, e os machos que produzem o leite de papo.
No inverno Antártico, os machos incubam um ovo, nos seus pés, durante cerca de dois meses. Quando o pintainho eclode, para o sustentar até que a fêmea regresse com comida, o macho alimenta o pintainho com o seu leite.
A natureza está repleta de surpresas, com facetas sempre inesperadas. E se julgava que o leite mais estranho que podia beber era leite de cabra… estava enganado.