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O futuro dos “Inspetores Max” está em risco

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A eficácia do uso de cães-polícias para rastrear e apanhar possíveis infratores da lei é cada vez mais questionável. Faltam evidências que comprovem que os K9 contribuem para o aumento da segurança.

O uso de cães-polícia (K9) é uma prática muito comum. Contudo, a eficácia e o impacto desse recurso é cada vez mais questionável.

Em Salt Lake City, nos EUA, um incidente em abril de 2020 levou à suspensão do uso de cães para interações com suspeitos, na cidade.

Um K9, chamado Tuco, foi ordenado a atacar Jeffery Ryans, um homem negro, acusado de violar uma ordem de proteção.

O episódio gerou muita contestação e levou a análises mais aprofundadas, sobre a eficácia e as implicações da utilização de K9.

Um estudo intitulado “De-fanged”, publicado em janeiro no Journal of Experimental Criminology concluiu que não há evidências suficientes que sugiram que o uso de cães-polícia contribuía para a redução da criminalidade e aumento da segurança.

O que é certo é que, segundo o Undark, a suspensão dos K9 não trouxe alterações significativas no que diz respeito aos níveis de criminalidade ou segurança, em Salt Lake City.

Estudos anteriores sobre a eficácia dos cães de deteção já tinham sido criticados devido à falta de rigor científico.

Há também preocupações históricas e sociais com o uso de cães na aplicação da lei, com raízes na colonização da América do Norte, quando os cães foram usados para reforçar a ordem social e o domínio racial.

Tem sido argumentado que o uso de cães policiais perpetua o medo e a violência, especialmente em comunidades racializadas.

Embora o estudo “De-fanged” sugira que as unidades K9 possam ser desmanteladas sem efeitos adversos significativos, há quem acredite – inclusivamente os autores do estudo – que são necessárias mais pesquisas, antes de haver alterações políticas significativas.

“Existem poucas evidências empíricas preciosas para apoiar qualquer afirmação, seja por apoiantes ou críticos dos programas K9 da polícia”, disseram os autores.

Nickolas Pearce, polícia cujo cão atacou Jeffery Ryans, vai ser julgado em 2024. O desfecho deste e de outros casos idênticos podem ter implicações significativas para a política futura de uso de cães-polícia.

Por enquanto, a questão continua a ser complexa e polémica, com consequências duradouras para as vítimas de ataques deste tipo de cães.

Miguel Esteves, ZAP //

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1 Comment

  1. O Metro do Porto é usado pelo tráfico/consumo de droga para efectuar a deslocação dos passadores de droga, que utilazam esse meio quando transportam consigo os estupefacientes.
    Essa situação tinha sido resolvida e controlada pelo Presidente Rui Rio que definiu uma estratégia eficaz em conjunto com as Forças de Segurança que utilizavam a ajuda fundamental dos Cães farejadores de droga.
    Infelizmente desde 2014 até à presente data o Metro do Porto volta a ser usado pelo tráfico/consumo de droga, não sendo compreensível que essa boa política e estratégia elaborada pelo Presidente Rui Rio para combater e resolver o problema, tenha sido abandonada.

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