Um fungo parasita que mata lagartas pode ser utilizado para bloquear o crescimento de alguns cancros.
A cordicepina é uma substância que pode combater alguns cancros, mostra um novo estudo da Universidade de Nottingham publicado a 7 de novembro na FEBS e liderado por Cornelia H. de Moor.
Este componente está presente nas espécies “zombificantes” de Cordyceps e Ophiocordyceps, parasitas que possuem essa substância para poderem infetar o corpo do hospedeiro, o que afeta geralmente o comportamento do inseto antes da sua morte, explica o Science Alert.
De acordo com o estudo, os avanços nas técnicas científicas permitiram aos investigadores estudar a expressão genética, as vias de sinalização celular e a produção de proteínas num vasto número de células da cordicepina.
“Conseguimos examinar milhares de genes ao mesmo tempo”, disse Moore à Science Alert. Em estudos realizados sobre culturas de tecido humano, a equipa conseguiu descobrir que este químico era convertido num composto mais ativo chamado trifosfato de cordicepina, que é responsável pela inibição da atividade celular.
Os investigadores descobriram, assim, que o trifosfato de cordicepina bloqueia duas vias de sinalização separadas, frequentemente desviadas pelas células cancerígenas para ajudar à sua disseminação pelo corpo humano.
Segundo a Science Alert, ainda é necessária mais investigação para transformar as descobertas em novos tratamentos contra o cancro, mas a compreensão da forma como a molécula afeta o crescimento celular pode lançar as bases necessárias para a elaboração de novos tipos de medicamentos contra o cancro.
“Os nossos dados confirmam que a cordicepina é um bom ponto de partida para novos medicamentos contra o cancro e explicam os seus efeitos benéficos”, conta Moore.
Na verdade, a espécie Cordyceps C. militaris é já largamente utilizada na medicina chinesa, e até mesmo nalguns medicamentos modernos, como é o caso de alguns anti-inflamatórios ou antibióticos.
“Há vários anos que investigamos os efeitos da cordicepina numa série de doenças e, a cada passo que damos, estamos mais perto de compreender como poderá ser utilizada como um tratamento eficaz“, conclui a investigadora.