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“O Dilúvio” de Miguel Ângelo parece representar uma mulher com cancro da mama

Capela Sistina / Wikipedia

Uma das mulheres retratadas em “O Dilúvio”, fresco de Miguel Ângelo (1475–1564) no teto da Capela Sistina, parece ter sinais de cancro da mama

O artista renascentista Miguel Ângelo efetuou dissecações humanas, o que o poderá ter levado a incluir mulheres com cancro da mama em algumas das suas obras.

Miguel Ângelo parece ter representado uma mulher com cancro da mama no seu conhecido fresco “O Dilúvio“, no teto da Capela Sistina, no que pode ter sido uma mensagem sobre a inevitabilidade da morte.

Os investigadores tinham já identificado anteriormente sinais de cancro da mama, incluindo inchaço e retração da pele, na sua escultura “Noite”, datada de 1526 a 1533, nota a New Scientist.

Agora, Raffaella Bianucci, investigadora da Universidade de Paris-Saclay, em França, e os seus colegas detetaram apresentações semelhantes em “O Dilúvio”, que Miguel Ângelo pintou no teto da Capela Sistina, na Cidade do Vaticano, entre 1508 e 1512.

Uma das nove cenas do Livro do Génesis, “O Dilúvio” retrata a Arca de Noé, uma história sobre Deus que inunda a Terra como castigo pela imoralidade da humanidade.

Num novo estudo, Bianucci e a sua equipa notaram que o seio direito de uma das mulheres retratadas tem o mamilo e a aréola retraídos, rodeados de reentrâncias e caroços. Notaram também uma ligeira protuberância perto da axila, que poderia representar gânglios linfáticos aumentados, outro indício de cancro.

Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado na revista científica The Breast.

Michelangelo, que era sobretudo um artista, participou em dissecações humanas antes de pintar “O Dilúvio”. Por isso, é provável que tivesse algum conhecimento dos tumores cancerígenos, registados desde a Antiguidade, diz Bianucci.

Richard Mortel / Wikipedia

Na escultura “Noite”, Miguel Angelo parece ter também representado o cancro da mama

Michelangelo pode ter pintado o cancro da mama para representar a doença como um castigo pela luxúria, porque este “pecado” estava associado aos seios femininos, acrescenta a investigadora. Um tema do Génesis é que Deus tornou a humanidade consciente da mortalidade como castigo pelo pecado.

“É razoável presumir que a mensagem tem a ver com a inevitabilidade da morte”, diz Agnes Arnold-Forster, historiadora médica da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, que não participou no estudo.

O cancro era conhecido por ser incurável, causando um grande impacto emocional, e é provável que uma mulher que encontrasse um nódulo no seu seio soubesse o resultado potencial”.

No entanto, Michelangelo pode não ter representado deliberadamente o cancro, porque não há ulcerações na pele da mulher, diz Arnold-Forster. “Se Michelangelo tivesse tido a intenção de a representar, este teria sido um sinal visual mais óbvio da doença. É claro que pode ser cancro — só não podemos saber com certeza”.

ZAP //

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