A fertilidade feminina parece ser afetada quando se pratica desporto a um nível que concentra toda a nossa energia. No entanto, isto não acontece só nas mulheres — também os homens podem perder testosterona.
Dame Laura tem 32 anos e dedicou-se ao ciclismo durante mais de uma década.
Em 2021 engravidou, mas abortou em novembro. Cinco meses mais tarde, teve uma gravidez ectópica, em que o embrião se implanta fora do útero, exigindo uma cirurgia de emergência.
Depois de relatar a sua experiência, outras atletas confessaram ter passado pelo mesmo. Ainda que o aborto espontâneo seja comum (uma em cada oito gravidezes conhecidas termina antes das 24 semanas e muitas ocorrem numa fase muito precoce), será que as desportistas correm um maior risco de ter algum tipo de problema de fertilidade?
Emma O’Donnell, fisiologista do exercício na Universidade de Loughborough, explica À BBC que um bebé consome tanta energia que o cérebro desliga a reprodução se pensar que não há energia suficiente disponível. Isto pode acontecer com mulheres que praticam um desporto que lhes suga toda a energia. No entanto, a resposta certa é: “Não temos 100% de certeza”.
“Os atletas amadores não estão conscientes do facto de quantas calorias precisam realmente de ingerir para satisfazer a procura de energia“, garante.
Mesmo por baixo do hipotálamo está a “fábrica de hormonas do corpo”, explica a fisiologista — a glândula pituitária. Normalmente, a glândula liberta hormonas que vão até ao útero e aos ovários para controlar o ciclo menstrual mensal e a libertação de um óvulo, o que torna possível a gravidez.
Mas se o hipotálamo não estiver satisfeito, este processo é interrompido e a ovulação não acontece. “Se não estivermos a ovular, não podemos ter um bebé. Não se pode conceber porque não há libertação de óvulos”, diz O’Donnell.
A gordura no corpo ajuda a produzir a hormona sexual estrogénio. “Se o desporto está a afetar o teor de gordura corporal, então há claramente um efeito nos níveis de estrogénio“, diz ela.
A perturbação dos períodos menstruais e da libertação de óvulos é o impacto mais claramente reconhecido na fertilidade de uma atleta feminina, mas isso deverá resolver-se assim que se retirem da competição, ressalva a fisiologista.
Lauren Nicholls foi jogadora de netball e, terminada a carreira, teve dois filhos. “Conheço algumas das jogadoras um pouco mais velhas — congelaram óvulos e tomaram essas decisões para a sua família numa data posterior“, diz. Isto “porque estão preocupadas com a sua carreira.”
Para além disso, os atletas masculinos também não estão imunes aos problemas de fertilidade. Queimar mais energia do que aquela que se recebe pode afetar os níveis de testosterona, causar anomalias no esperma e até disfunção erétil.
Emma Pullen, investigadora de exercício desportivo em Loughborough, explica que a investigação neste campo está a “tentar recuperar o atraso” em relação à atenção dada ao desporto masculino. “Estamos a ver as repercussões disso com a crescente profissionalização dos desportos femininos e com mais atletas do sexo feminino do que nunca”.
Não se preocupem, nos EUA já têm a solução, colocar homens a competir contra as próprias mulheres, assim elas desistem porque nunca vão ganhar, podem ficar em casa e engravidar sem problemas.