Desde a genética e metabolismo ao seu estilo de vida e saúde, eis os fatores que influenciam a sua reação à bebida mais popular do mundo.
Desde sentir-se elétrico após uma única chávena até ser capaz de consumir várias sem perder o sono. A cafeína afeta as pessoas de forma diferente.
Desde a genética e metabolismo ao seu estilo de vida e saúde, eis os fatores que influenciam a sua reação à bebida mais popular do mundo.
O gene CYP1A2
A experiência individual com a cafeína, incluindo o seu sabor, a velocidade com que é metabolizada e o seu impacto na saúde, é predominantemente governada pela genética, mais especificamente por um gene específico — o CYP1A2.
O gene CYP1A2 controla uma enzima responsável pela decomposição da cafeína. Dependendo da variante do gene que se tem, pode influenciar a rapidez com que a cafeína é metabolizada.
Cerca de 50% das pessoas são “metabolizadoras rápidas” com duas cópias da variante “rápida” do CYP1A2; outros 40% são “metabolizadores lentos” com uma cópia, e os 10% restantes são “ultralentos“, explica ao The Washington Post Ahmed El-Sohemy, professor de ciências nutricionais na Universidade de Toronto e fundador da Nutrigenomix.
A meia-vida da cafeína
A cafeína tem uma meia-vida estimada de duas a oito horas, o que significa que a sua taxa de eliminação do corpo pode variar consideravelmente entre indivíduos.
Este intervalo explica porque é que algumas pessoas podem beber café à noite sem se sentirem afetadas, enquanto outras passam a noite em claro.
O papel dos neurorecetores
Manuel Díaz-Ríos, diretor do programa de neurociência na Faculdade de Bowdoin, lembra que a cafeína bloqueia os recetores de adenosina no cérebro, afetando as necessidades de sono.
O número desses recetores pode ser influenciado tanto pela genética como pelos padrões de consumo de cafeína. Por exemplo, consumidores frequentes de café podem desenvolver mais recetores, aumentando assim a sua tolerância.
Saúde cardiovascular
Além da euforia — ou da falta dela —, a sensibilidade à cafeína também tem implicações para a saúde cardiovascular.
Metabolizadores lentos, que demoram mais tempo a decompor a cafeína, têm um risco aumentado de ataques cardíacos, hipertensão e doença renal, conforme revelado num estudo de 2006 que envolveu mais de quatro mil pessoas.
Cafeína e exercício
Curiosamente, o metabolismo da cafeína também afeta o desempenho físico.
Contrariamente às crenças iniciais, metabolizadores rápidos beneficiam mais das propriedades de desempenho da cafeína durante o exercício.
Metabolizadores lentos podem experienciar uma diminuição no desempenho devido aos efeitos vasoconstritores da cafeína.
Fatores adicionais
Contracetivos orais e tabagismo também podem afetar o metabolismo da cafeína.
Os contracetivos podem diminuir a atividade do CYP1A2, tornando-se mais sensíveis à cafeína, enquanto o tabagismo aumenta. Pessoas com perturbação de hiperatividade com défice de atenção (ADHD) também podem experienciar diferentes respostas à cafeína, o que pode impactar os efeitos dos seus medicamentos.