O Oceano Atlântico está a expandir a uma taxa de quase 4 centímetros por ano. Um estudo lançou pistas para resolver sobre este enigma geológico de longa data.
Há décadas que a expansão do Atlântico desorienta os cientista, uma vez que este oceano não tem o tipo de densas placas tectónicas em movimento que marcam o fundo do Pacífico.
De acordo com um estudo publicado em 2021 na revista Nature, esta expansão está relacionada com a Crista Média Atlântica (CMA), cadeia de montanhas submarinas localizada a meio do oceano.
Nesta formação, concluiu o estudo, material anormalmente quente do núcleo da Terra, a cerca de 660 quilómetros abaixo da superfície, está a subir, empurrando as placas tectónicas e afastando-as.
A crosta terrestre está fragmentada em placas tectónicas que se encaixam como um puzzle. A CMA separa a placa da América do Norte da placa da Eurásia, e a placa da América do Sul da placa Africana.
Estas placas interagem — movendo-se juntas, afastadas, ou deslizando umas sob as outras — originando vários fenómenos geológicos, como as erupções de vulcões e expansão do fundo do mar.
Anteriormente, pensava-se que o material que aflora sob fronteiras tectónicas como a MAR tinha origem perto da superfície da Terra.
No entanto, o estudo descobriu que a CMA é um ponto quente de convecção, onde magma e rocha das profundezas do manto podem chegar à superfície.
Esta descoberta ajudou a resolver o enigma: por que motivo as placas que circundam o Oceano Atlântico se movem sem que a força da gravidade esteja a puxar partes mais densas das placas para o interior da Terra.
Os investigadores colocaram 39 sismómetros debaixo de água para medir a atividade geológica, e observaram que, inesperadamente, as temperaturas na zona de transição do manto eram mais altas do que o esperado sob a CMA, permitindo que o material subisse mais facilmente.
“Este resultado emocionante foi completamente inesperado”, disse o geólogo Matthew Aguis, investigador da Universidade de Southampton e corresponding author do estudo, citado pelo Insider.
Segundo a geofísica Catherine Rychert, também investigadora da Universidade de Southampton, este processo começou há 200 milhões de anos.
A taxa de expansão pode mudar ao longo de milhões de anos, mas, diz a cientista, é de esperar que permaneça a mesma — cerca de 3.8 centímetros por ano — durante toda a nossa vida.