Os routers colocaram a Cisco no topo. Nvidia tenta evitar “déjà vu”

Nvidia destronou a Microsoft e tornou-se a empresa mais valiosa do mundo. Mas a Cisco Systems deixou um aviso, há uns anos.

1999. O fim do século era o início de uma era prometedora para a Cisco Systems.

Na fase em que a internet começou a chegar a milhões de casas, era essencial ter routers.

A Cisco produzia e vendia routers. Essencialmente os Cisco 12000, que eram os que davam mais garantias na altura, e que começaram a ser comprados por inúmeras empresas.

Pouco depois, em Março de 2000, e impulsionada por esse negócio, a Cisco chegou ao topo: passou a ser a empresa mais valiosa do mundo. Ultrapassou os 500 mil milhões de dólares – e ultrapassou a Microsoft nessa lista.

Mas a empresa “rainha da internet” caiu pouco depois. A economia recuou, a “bolha da internet” – ou das empresas .com – rebentou.

Menos de um ano depois desse pico, no início de 2001 muitas empresas do ramo começaram a ser vendidas; outras preferiram fusão, outras desapareceram mesmo.

A Cisco não desapareceu mas anunciou despedimentos colectivos nesse ano e outro em 2002. Ficou com data centers cheios de hardware parado, enquanto o preço das suas acções caía 90%.

Esta recordação é trazida pelo portal The Next Big Idea, em 2024, por causa da Nvidia.

Na semana passada a Nvidia, tal como a Cisco, destronou a Microsoft e, tal como a Cisco, tornou-se a empresa mais valiosa do mundo. Foi temporário mas esteve no topo.

A Nvidia, que era conhecida por ser a empresa das placas gráficas, tem agora unidades de processamento gráfico (GPUs) essenciais para o desenvolvimento da inteligência artificial (IA). Os seus chips estão a ter uma procura nunca vista.

No entanto, o seu director-executivo não quer ser “tal como a Cisco”. Jensen Huang estará preocupado com o futuro.

Não há sinais de abrandamento do negócio num futuro próximo, mas já passou a mensagem aos directores da sua empresa: cuidado com o espaço.

Não está em causa o espaço na própria Nvidia, mas sim nas empresas que estão a comprar produtos à Nvidia.

Ou seja, os maiores clientes da Nvidia podem ficar sem espaço nos seus data centers para instalarem os chips. Aí sim, as vendas podem cair.

A preocupação centra-se na Amazon e na Microsoft, que aparentemente não conseguem ter data centers prontos e capazes de acomodar os GPUS que encomendaram. A Amazon e a Microsoft são “só” os dois maiores compradores dos produtos da Nvidia.

Assim, acrescenta o portal The Information, Jensen Huang já definiu o rumo: só vai vender chips a quem tenha espaço suficiente nos seus data centers e a quem garantir que os chips vão gerar receitas num futuro próximo.

Para combater a concorrência – que de certeza se vai intensificar em breve – há outra indicação: os clientes devem comprar os chips com os seus bastidores de rede, para evitar a mudança para um chip alternativo futuro.

Refira-se que, já em 2024, foi anunciada uma parceria entre duas empresas no campo das soluções de infraestrutura de IA para data centers.

Essas duas empresas são… Nvidia e Cisco.

ZAP //

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