O efeito Hallet-Mossop afeta a capacidade de absorção da luz solar das nuvens na Antártida, o que tem efeitos nas temperaturas dos Oceanos.
As nuvens não são todas iguais. Aquelas que se formam no ar gelado nos céus da Antártida são diferentes devido à formas como a água e o gelo interagem no seu interior, de acordo com um novo estudo publicado na AGU Advances.
Através de uma combinação de modelos, imagens de satélite e dados recolhidos com voos através das nuvens, os investigadores identificaram um processo de produção de gelo “secundário”, escreve o Science Alert.
Trocado por miúdos, isto significa que as partículas geladas colidem com as gotas de água superfrias, congelando-as e depois partindo-as, o que por sua vez acaba por criar mais estilhaços de gelo.
O termo técnico para esta sequência de eventos é a dinâmica da fragmentação de geada Hallet-Mossop. O processo escurece as nuvens, reduzindo a quantidade de luz solar que é refletida de volta para o Espaço e permitindo que mais chegue ao Oceano.
“O Oceano do Sul é um enorme dissipador de calor, mas a sua capacidade de retirar calor da atmosfera depende da estrutura da temperatura no oceano superior, o que está relacionado com a cobertura das nuvens”, revela a cientista Rachel Atlas.
De acordo com os cálculos dos investigadores, nas nuvens com temperaturas entre -3ºC e -8ºC, cerca de 10 Watts de energia solar extra por metro quadrado podem chegar ao oceano, o que é suficiente para mudar significativamente a temperatura.
A formação de gelo dentro destas nuvens é muito eficiente, e o gelo também pode cair ao oceano imediatamente. Isto reduz rapidamente a quantidade de água nas nuvens e altera várias características-chave para a sua refletância.
O que acontece dentro das nuvens também afeta a sua forma, o que influencia ainda mais a forma como protegem a água. Todos estes fatores têm de ser tidos em conta na criação de modelos climáticos mais precisos.
Fevereiro é o pico do Verão na Antártida e nessa altura do ano, cerca de 90% dos céus estão cobertos em nuvens. Um quarto destas nuvens são do tipo analisado neste estudo, pelo que os efeitos potenciais não podem ser subestimados.
De momento, apenas alguns modelos climáticos globais têm em conta este efeito, algo que os investigadores querem que mude para que tenhamos uma compreensão mais detalhada de como o clima da Terra está a mudar.