Nuno Melo diz que Portugal “não abdica” de Olivença. Autarca critica discurso de “séculos passados”

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António Pedro Santos / LUSA

Nuno Melo, ministro da Defesa

O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, afirmou, esta sexta-feira, que a localidade de Olivença “é portuguesa”, o que está estabelecido por tratado, e defendeu que “não se abdica” dos “direitos quando são justos”.

Questionado pelos jornalistas em Estremoz, no distrito de Évora, sobre se Olivença é portuguesa ou espanhola, o ministro foi perentório: “Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma”.

“Aliás, por tratado, Olivença deverá ser entregue ao Estado português“, continuou Nuno Melo, que presidiu hoje à cerimónia comemorativa do Dia do Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), naquela cidade alentejana.

Segundo o ministro, que cumpriu parte do seu serviço militar precisamente no RC3, unidade do Exército também conhecida como Dragões de Olivença, “muitos avaliam a circunstância [de Olivença] numa razão caricatural”.

“E diz-se, desde o Tratado de Alcanizes, como Portugal tem as fronteiras mais antigas definidas, exceto esse bocadinho”, porque, “no que toca a Olivença, o Estado português não reconhece como sendo território espanhol”, sublinhou.

Garantindo que, para si, esta não é uma questão “de ontem, é de hoje“, o ministro da Defesa Nacional aludiu ao próprio Regimento de Cavalaria n.º 3, a mais antiga unidade do Exército em atividade, que assinalou hoje os seus 317 anos: “Estes dragões são de Olivença por alguma razão”.

Nuno Melo lembrou que, quando foi eurodeputado no Parlamento Europeu, defendeu esta questão, da qual continua a não abdicar.

“Fi-lo, desde logo, no Parlamento Europeu, em questões colocadas, enfim, mas sabe, a ‘real politik’ é a ‘real politik'”, o que “não invalida a expressão dos direitos” e, quando estes “são justos, deles não se abdica“, argumentou.

Olivença é uma cidade na zona raiana reivindicada por direito por Portugal, desde o tratado de Alcanizes, em 1297, mas que Espanha anexou e mantém integrada na província de Badajoz, na comunidade autónoma da Estremadura, apesar de ter reconhecido a soberania portuguesa sobre a cidade quando subscreveu o Congresso de Viena, em 1817.

Autarca de Olivença critica discurso divisório

O alcaide de Olivença defendeu que os discursos que “tentam dividir ou confrontar, falando de territórios sem pensar nas pessoas”, são típicos de séculos passados, depois do ministro da Defesa português ter afirmado que a localidade “é portuguesa”.

Manuel José González Andrade, líder da localidade com cerca de 12 mil habitantes integrada na província espanhola de Badajoz, sublinhou, numa nota enviada à agência Efe, que discursos que procuram “separar através das fronteiras, no século XXI, foram mais do que esquecidos e pertencem a séculos passados”.

“Estou convencido de que o ministro [da Defesa, Nuno Melo] tem assuntos mais urgentes e importantes para tratar neste momento”, acrescentou.

O alcaide sublinhou ainda que no seu município trabalha-se “para aquilo que nos une, que é muito mais do que aquilo que nos separa numa fronteira que está misturada há décadas”.

“Olivença está plenamente satisfeita e orgulhosa do seu passado e da sua história porque nos torna únicos e nos permite ter uma identidade única em toda a Península Ibérica”, frisou.

“Como também tem consciência do seu presente e sabe perfeitamente qual é o seu futuro, ao qual se deve somar esta história partilhada como potencial”, apontou ainda.

// Lusa

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15 Comments

  1. Olivença é, de facto e à luz do direito internacional, portuguesa. Mas depois deste tempo todo podia resolver-se a questão por via de um referendo local que permitisse aos habitantes de Olivença decidir se querem pertencer a Portugal ou a Espanha. Curioso como em tempo de democracia se esquece tão facilmente a vontade do povo…

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  2. Força , enviem tanques , tropas , misseis … e façam um canal para os submarinos irem lá … Olivença é nossa . Melo é um patriota um guerreiro … só mesmo ele para incutir o fervor, a garra no povo português, bem haja o Nuno de Merd…a

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  3. Tem toda a razão o nosso ministro da defesa. Toda. O que os congressos internacionais decidem é para se cumprir, até porque Espanha concordou entregar o território com a assinatura do delegado mas nunca o fez. Alíás deveriam ter vergonha de ocupar com o quartel da polícia um local que ostenta bem visivelmente na entrada a nossa sigla envolvida pela divisas manuelinas. É escandaloso.

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  4. Felicita porquê? Gostava que lhe roubassem o carro mesmo sabendo quem tinha sido o ladrão e depois de ir à polícia e eles não ligarem nada ao assunto? Gostava?

  5. Senhor, Ministro. Juízo!!! Convém isso no mínimo. Que tal perguntar aos habitantes de Olivença, se querem ser Portugueses, ou Espanhóis? Faça isso e fale!, a opinião pública não se compadece com deslizes e alarvices!

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  6. Maria Ramos

    Era bom que o alcalde convencesse o seu governo a dizer o mesmo de Ceuta, Melilha e outros rochedos que a Espanha ainda coloniza em África.

    Embora o Ministro seja completamente inoportuno, até porque Espanha há já alguns anos domina a economia portuguesa e essa sim é uma questão a resolver. .

  7. Só faltava mais esta; nem do povo Português se sabem ocupar, estão agora a comprar conflitos com os vizinhos.
    Só os habitantes mediante referendo podem decidir! Mas tenho muitas dúvidas e com todas as razões e mais algumas que queiram ser Portugueses! Ficam melhor como estão!

  8. Andam aqui alguns a querer resolver a questão de Olivença perguntando aos habitantes se querem ser portugueses ou espanhóis. Cretnice pura, então agora pergunat-se aos espanhóis se querem ser portugueses? Claro que não querem . E fazem muito bem. Isso é como perguntar a um larápio se quer ficar com o que roubou ou devolver ao dono se tal for a sua vontade. Belo referendo.

  9. Todos têm direito à sua opinião, mas chega a ser confrangedor a ignorância que reina nos comentários aqui apresentados! É uma pena que os portugueses desconheçam a desvalorizem a sua própria história, chegando, mesmo, a tentar ser piadéticos com este assunto… Vão ver quantos séculos o município de Olivença esteve no Reino de Portugal… vão ver quais as circunstâncias em que nos foi roubado! Informem-se de como muitos portugueses na altura foram perseguidos e expulsos, e substituídos por espanhóis… Vejam a situação à luz do Direito Internacional, com que Espanha concordou (e assinou), mas nunca respeitou!
    O Sr. Alcaide não faz mais do que dizer o óbvio, de acordo com a sua conveniência! E fazer um referendo para quê…? Se Timor-Leste tivesse ficado mais 50 ou 60 anos sob domínio indonésio, acham que valeria a pena fazer algum referendo?
    Muito haveria para dizer… tristes portugueses estes, os do nosso tempo!

  10. Eusebio66
    Nas relações internacionais o que conta não é o território, são as pessoas. Se a maioria das pessoas que vive em Olivença prefere ser espanhola, de que serve reclamar um direito territorial? Queremos a terra sem as pessoas, ou queremos expulsar as pessoas de suas casas? Haja bom senso…

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