Nuno Melo eleito novo líder do CDS com congresso unido em torno da sua candidatura

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Manuel de Almeida / Lusa

O eurodeputado Nuno Melo fala aos jornalistas à chegada à reunião do Conselho Nacional do CDS-PP

O eurodeputado Nuno Melo

Primeiro dia da reunião centrista ficou marcado pelo discurso de Manuel Monteiro, que se disse disponível para ajudar o partido. Paulo Portas é esperado hoje.

Nuno Melo é desde a última noite o novo líder do CDS, após a sua moção estratégica global ter conquistado uma vitória esmagadora: 804 votos, correspondentes a 73%. Desta forma, o eurodeputado conseguirá indicar a comissão política e criar listas para s restantes órgãos do partido. As três outras propostas, de Miguel Mattos Chaves (104 votos), de José Maria Duque (99) e de Octávio Costa (35) ficaram distantes.

Foi o fechar com chave de ouro um dia de trabalhos do congresso centrista, que ficou marcado pelas várias mostras de apoio que os grandes nomes do partido deram a Nuno Melo, com alguns a integraram a sua candidatura enquanto vice-presidentes. É o caso de Telmo Correia, antigo líder parlamentar, Isabel Galriça Neto, Paulo Núncio, Vânia Dias da Silva e Álvaro Catello Branco. Incluídos na lista foram também João Varandas Fernandes e Maria Luísa Aldim.

Pedro Mota Soares, antigo ministro da Solidariedade e Segurança Social, foi indicado para a mesa do conselho nacional e Nuno Magalhães, líder da bancada parlamentar entre 2011 e 2019, encabeça a lista ao conselho nacional.

Monteiro “disponível” mesmo “sem cargos, sem estatuto”

O dia de ontem ficou irremediavelmente marcado pelo discurso de Manuel Monteiro, que cerca de 24 anos depois se dirigiu aos congressistas para se dizer “disponível” para ajudar o novo presidente “sem cargos, sem estatuto”.“Animemo-nos, ninguém desista!”, apelou, perante uma sala cheia e que o aplaudiu por várias vezes durante os cerca de 30 minutos que durou a sua intervenção, muitas vezes de pé.

Manuel Monteiro guardou para o fim as razões pelas quais apoiará Nuno Melo neste Congresso eletivo, apesar de um dos outros candidatos, Nuno Correia da Silva, até ter sido seu vice-presidente.

“Creio que o partido deve serenamente pensar que os desafios que temos pela frente obrigam de uma forma serena e objetiva a percebermos que não é aquele de que alguns gostarão mais ou não, mas o que está em melhores condições de poder aceitar este desafio com a ajuda de todos”, disse.

E acrescentou: “Eu penso que o dr. Nuno Melo, sendo deputado europeu, tem essa possibilidade”, afirmou, dizendo que o candidato à liderança o tem contactado para pedir opiniões em vários temas.

Manuel Monteiro, que invocou razões pessoais para abandonar o Congresso logo depois de intervir, reiterou que, mais importante do que mágoas passadas, será encontrar “quem tenha a capacidade de levar este desafio em frente”. “O CDS teve ao longo da sua história figuras grandes, eu fui seguramente a mais pequena, mas tive a honra de crescer com os grandes. Aprendi que quando se é maior apenas porque estamos rodeados de pequenos, não vamos a lado nenhum”, alertou.

Admitindo que possa ter estado ligado a aspetos negativos da história do partido, Monteiro repetiu, por várias vezes, que “o importante não é como” o CDS chegou aqui, mas como conseguirá sair da situação em que se encontra.

Manuel Monteiro disse não esquecer que foi o ainda presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, que lhe entregou de novo o cartão de militante do partido – saiu em 2003 para fundar a Nova Democracia e só regressou em maio de 2020 -, mas admitiu que a atual direção “teve um resultado menos bom”.

Rodrigues dos Santos hasteia “bandeira da união”

Num congresso que o recebeu com frieza, o líder cessante do CDS usou a sua intervenção para esclarecer que na sua militância “não há espaço para ajustes de contas“. “A vingança é sempre o prazer de um espírito mesquinho e amedrontado”, declarou, considerando que o momento do partido convoca a urgência de “mobilizar todo o partido para superar a dura realidade” do último ato eleitoral – em que perdeu representação na Assembleia da República.

Francisco Rodrigues dos Santos considerou que será “um ato de amor” qualquer “sacríficio pessoal” que faça e que “permita hoje hastear a bandeira da união”, mesmo “com aqueles que nunca estiveram na disposição de o fazer” com a sua direção.

Quem não esteve ontem presente no Pavilhão Multiusos de Guimarães foi Paulo Portas que, assim, evitou contacto direto com Manuel Monteiro. No entanto, espera-se que o histórico socialista marque presença hoje, depois de já ter anunciado o seu apoio a Nuno Melo. “Irei amanhã a Guimarães dar o meu voto a Nuno Melo e às suas listas”, anunciou, através numa nota enviada à comunicação social.

O antigo líder centrista esclareceu que a sua presença “não significa qualquer regresso à política partidária ou às suas dialéticas” e constitui “um gesto devido numa circunstância excecional”. “Desde que deixei a política ativa, nunca usei esse voto de inerência”, sublinhou.

“Admiro a determinação de Nuno Melo em ser candidato num momento tão difícil. Em consciência, sinto que é meu dever, como antigo líder, dar lhe esse sinal de confiança.”

ZAP, Lusa //

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