Afinal, é o núcleo da Terra que está a gerar anomalias

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Aparentemente, nas profundezas do nosso planeta, algo estranho está a acontecer e os cientistas tentam explicar.

Está há milhões de anos sob os nossos pés mas, ainda hoje, não sabemos muito sobre o interior da Terra, especialmente sobre o núcleo.

Sabemos que o núcleo da Terra não é algo imóvel. Não é uma “estátua”, se quisermos. E aparentemente, lá nas profundezas, algo estranho está a acontecer e os cientistas tentam explicar.

Um estudo publicado na revista Nature começa por referir que estudos sísmicos encontraram anomalias de escala fina na zona entre o núcleo e o manto, sobretudo as zonas de velocidade ultrabaixa (ULVZs).

As ULVZs foram atribuídas a processos relacionados com o manto da Terra, mas este estudo sugere que essas anomalias podem, afinal, estar relacionadas com o núcleo da Terra.

O limite entre a Terra e o manto representa uma interface entre o manto de silicato sólido e o núcleo externo metálico líquido.

A estrutura e a dinâmica dessa região são fundamentais para entender a transferência de calor e material na Terra.

As anomalias já mencionadas são, no fundo, diferenças de velocidade e densidade em comparação com o manto normal circundante ou a região do núcleo.

Este estudo focou-se no núcleo externo da Terra, que fica 3 mil quilómetros abaixo da superfície – formado por uma espessa liga de ferro líquido, que tem grande impacto na habitabilidade da superfície da Terra e na criação do seu campo magnético.

Através de experiências, simulações (porque obviamente ninguém se aproxima do verdadeiro núcleo da Terra), os cientistas misturaram liga de ferro-hidrogénio líquida com silício, sob condições de alta pressão e alta temperatura, semelhantes às do núcleo externo, explicou Suyu Fu, um dos autores do estudo, no portal Motherboard.

“Descobrimos que cristais ricos em silício se formam no líquido metálico de ferro (ou neve rica em silício) e são mais leves do que o líquido do núcleo externo, fazendo com que subam até ao limite entre o núcleo metálico e o manto rochoso (em vez de afundar)”, continuou Fu.

Esse processo pode criar uma pilha de neve rica em silício, o que pode ajudar a entender algumas estruturas intrigantes encontradas na zona entre o núcleo e o manto do planeta.

As zonas ultra-lentas no lado do manto e a zona de rigidez do núcleo no lado do núcleo, essas duas anomalias, podem assim ter uma explicação. Acreditava-se que as zonas lentas estavam ligadas ao manto, mas algumas podem estar associadas à precipitação de elementos leves no núcleo externo.

Este estudo também mostra que algumas rochas vulcânicas encontradas em ilhas oceânicas, como o Hawai, têm uma assinatura química semelhante à do núcleo da Terra – se cristais ricos em silício do núcleo da Terra se misturarem com silicatos do manto, para formarem as tais zonas de velocidade ultra-baixa.

ZAP //

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