PSD e CDS estão ambos em processos de transição de liderança, pelo que não é de estranhar que parte da oposição à direita do PS não tenha mostrado ter sido beliscada pelo anúncio do novo Governo, esta semana.
Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos remeteram-se ao silêncio perante o anúncio do novo Executivo de António Costa, que venceu as eleições legislativas de janeiro com maioria absoluta.
Segundo o Diário de Notícias, além de estarem ambos a passar por processos eleitorais internos, tanto o PSD como o CDS não têm a voz da liderança no Parlamento.
Os novos apontados à liderança social-democrata não integraram as listas do partido às legislativas e, por isso, não têm mandato parlamentar. No CDS acontece o mesmo, já que o partido perdeu toda a sua bancada parlamentar.
Rui Rio, ainda líder do PSD, não comentou nem os rostos do novo Governo, nem o desaguisado entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, com a revelação na comunicação social dos nomes antes de serem apresentados em Belém.
Do PSD, foi o deputado André Coelho Lima a fazer o retrato do novo Executivo. “A colocação dos potenciais sucessores internos em posições-chave é algo que expõe aquilo a que o PS nos habituou”, disse à TSF, denunciando “uma confusão entre aquilo que é o Estado e aquilo que é o partido”.
Já no CDS o silêncio foi absoluto. Francisco Rodrigues dos Santos não veio a público pronunciar-se e Nuno Melo, candidato à liderança centrista, deu uma entrevista à Lusa mais virada para dentro do partido, para os apelos à união interna e com a mira nas eleições europeias.
Por sua vez, a Iniciativa Liberal (IL) considerou que o novo Governo dá “sinais preocupantes“, com “ministros politicamente condicionados” em pastas fundamentais, tendo sido escolhidos “todos os delfins” de António Costa.
O futuro Governo tem “em pastas fundamentais ministros politicamente condicionados“, referiu o deputado Rui Rocha, dando como primeiro exemplo a continuidade de Marta Temido, que acusa de ter degradado “a relação com os profissionais de saúde a um ponto praticamente insustentável”, o que faz com que tenha “muita dificuldade para a gestão desta pasta”.
Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega, criticou fortemente a escolha para a pasta das Finanças.
“Se fosse dia 1 de abril até acreditaríamos que Fernando Medina podia ser ministro das Finanças, porque com aquilo que deixou em Lisboa, um legado de dívidas na câmara e uma quase venda aos russos de variadíssimas coisas, isto é quase uma brincadeira de mau-gosto de António Costa com os portugueses”, acusou.