Estranho e único. “Espinho ibérico” é o novo dinossauro português aquático descoberto no Cabo Espichel

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Victor Feijó de Carvalho

Dinossauro português Iberospinus

Reconstrução do dinossauro Iberospinus natarioi.

Uma nova espécie de dinossauro, com 130 milhões de anos, foi descoberta no Cabo Espichel, no concelho de Sesimbra, e mostra que a Península Ibérica tinha uma grande diversidade destes animais, segundo revela um estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

O novo dinossauro foi baptizado ‘Iberospinus natarioi’, que significa “espinho ibérico”. O nome é dedicado ao seu descobridor, o paleontólogo amador Carlos Natário, como referem os autores do estudo que foi publicado na revista científica PLOS ONE.

Os paleontólogos Octávio Mateus e Darío Estraviz-López, da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã, são os autores do estudo.

A descoberta dos restos do animal, classificado como “estranho”, remonta a 1999 e é originalmente atribuída ao paleontólogo amador Carlos Natário.

“Foram escavados entre 2004 e 2008, com uma escavação adicional em 2020 que surpreendentemente conseguiu novos ossos“, referem os paleontólogos no artigo científico.

Entre outras características, o Iberospinus tem uma configuração da mandíbula considerada única, “com canais internos diferentes e uma ponta da mandíbula recta”, em vez de apontar para cima, como acontece em dinossauros semelhantes, notam ainda os investigadores.

Nova espécie de dinossauro aquático

Os novos ossos e uma reexaminação revelaram tratar-se de uma “nova espécie” de dinossauro aquático.

O fóssil do “novo dinossauro português”, como é referido num comunicado da FCT, está associado aos dinossauros espinossaurídeos.

Mas, apesar disso, o Iberospinus não teria nas costas uma vela como a do ‘Spinosaurus’ e não possuía as adaptações extremas que outros membros do grupo poderiam ter para se movimentarem na água.

Os paleontólogos sustentam que “os espinossaurídeos são alguns dos dinossauros terópodes mais enigmáticos do Mesozoico devido às suas adaptações únicas aos ambientes aquáticos e à sua relativa escassez”.

“A sua taxonomia provou ser especialmente problemática”, apontam também, referindo que algumas descobertas encontradas na Península Ibérica forneceram os “melhores espécimes para a compreensão da sua filogenia”, ou seja, da sua sucessão genética.

Ibéria como hotspot para a biodiversidade

De acordo com os cientistas, este é o terceiro espinossaurídeo nomeado na Península Ibérica, após o ‘Camarillasaurus cirugedae’ (inicialmente não reconhecido como um espinossauro) e o ‘Vallibonaventrix cani’.

Este animal junta-se, assim, “aos membros mais antigos do grupo”, como os descobertos na Grã-Bretanha, incluindo duas espécies recentemente descritas no Sul de Inglaterra e o famoso Baryonyx.

A nova descoberta “reforça a Ibéria como um hotspot para a biodiversidade dos espinossaurídeos”, com vários exemplares “endémicos para a região”, evidenciam os cientistas.

Desta forma, aumentam as possibilidades de os espinossaurídeos terem aparecido “pela primeira vez” na Europa Ocidental.

ZAP // Lusa

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