O espécime da nova espécie pertencia à coleção do entomologista amadaor Robert Hentscholek.
Uma nova espécie de traça, a Mirlatia arcuata, foi descoberta na Europa, desafiando o conhecimento atual sobre Lepidópteros, que incluem borboletas e traças. Esta descoberta é considerada uma das mais notáveis dos últimos tempos no estudo dos Lepidópteros. Publicada na revista ZooKeys, a descoberta foi realizada por uma equipe de pesquisadores da Alemanha, Áustria e Reino Unido.
Na década de 1980, o entomologista amador austríaco Robert Hentscholek recolheu três exemplares desta mariposa no sul da Dalmácia, Croácia. As amostras, que se destacavam de todas as espécies europeias conhecidas, foram inicialmente integradas na sua coleção, mas não identificadas.
Anos mais tarde, a coleção foi adquirida por Toni Mayr, outro entusiasta da Áustria, que notou o inseto incomum. Após investigações, descobriu-se que um espécime feminino estava no Museu de História Natural de Viena, enquanto o paradeiro do outro espécime permanecia desconhecido.
Em 2022, uma equipa de pesquisa identificou a mariposa como uma nova espécie e género, batizando-a de Mirlatia arcuata, termo que significa “traz uma surpresa” em latim. Esta nomeação reflete a natureza surpreendente da descoberta.
A descoberta de uma espécie tão grande e distinta numa região bem explorada como o sul da Croácia levanta questões. Peter Huemer, um dos investigadores envolvidos, sugere que Mirlatia arcuata pode ser uma espécie adaptada ao frio e ativa no inverno, que deveria ser procurada no meio do inverno.
A hipótese de introdução de outros continentes foi descartada, pois não foram encontradas espécies semelhantes noutras regiões frias e a localização de recolh não está próxima a portos frequentados por navios de outros continentes.
Apesar dos esforços, as relações desta nova espécie ainda não foram definitivamente esclarecidas. Mesmo a atribuição à subfamília Larentiinae é incerta, baseando-se apenas em características como a venação das asas. Dados genéticos iniciais e características do órgão timpanal apontam para uma posição sistemática independente da espécie. Investigações mais detalhadas do genoma completo podem fornecer mais clareza.
Os autores do estudo esperam redescobrir em breve a Mirlatia arcuata para saber mais sobre os seus requisitos de habitat e biologia.