Nova tecnologia facilita vida de pessoas com Parkinson

Um dispositivo que estimula eletricamente a medula espinhal ajudou um doente com Parkinson – que até então tinha episódios de congelamento da marcha – a caminhar cinco quilómetros sem parar. Os resultados promissores podem abrir portas para novos tratamentos, que melhorem significativamente a qualidade de vida dos doentes.

Graças a uma tecnologia promissora, um homem com a doença de Parkinson registou melhorias significativas na marcha, após a utilização de um dispositivo que estimula eletricamente a medula espinhal.

Na base desta tecnologia esteve um estudo, publicado esta segunda-feira, na Nature Medicine, que realçou a limitação das terapias convencionais, que muitas vezes não surtem efeito em estágios avançados da doença.

Com o objetivo de superar esses obstáculos, a equipa liderada por Grégoire Courtine, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, explorou a estimulação elétrica da medula espinhal para resolver problemas de marcha em pacientes gravemente afetados pelo Parkinson.

A equipa utilizou uma técnica de Estimulação Elétrica Epidural (EES), ajustada para ativar os neurónios responsáveis pelo movimento das pernas, já com resultados positivos em primatas.

Marc, de 62 anos, com Parkinson há trinca anos, enfrentava severas dificuldades motoras, inclusive episódios de congelamento da marcha.

Após mapearem os neurónios relevantes na coluna do paciente, os cientistas instalaram-lhe estimuladores elétricos e sensores nas pernas e no calçado, para monitorizar e ativar os músculos necessários para a caminhada.

Resultados positivos

Com três meses de treino reabilitativo, utilizando a estimulação, Marc viu uma redução drástica nos episódios de congelamento da marcha, explicou Grégoire Courtine, à New Scientist.

Depois de dois anos de uso contínuo do estimulador, as quedas diárias de Marc diminuíram significativamente, chegando a caminhar vários quilómetros sem ajuda.

Este caso – para já único – sugere o potencial do método para o tratamento de distúrbios motores associados ao Parkinson, uma condição que afeta a mobilidade de cerca de 90% dos pacientes.

A equipa alerta, no entanto, que o desenvolvimento da tecnologia e respetivos testes poderão ainda durar, pelo menos, mais cinco anos, até que possa ser disponibilizada fora do contexto de ensaios clínicos.

Miguel Esteves, ZAP //

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