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Nova substância promete recuperar lesões graves na medula espinal

Uma nova substância, testada em ratos, revelou-se promissora na recuperação de funções perdidas na sequência de lesões na medula espinal, conclui um estudo hoje publicado na revista Nature.

O composto, denominado ISP, que atua nos péptidos (biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos) que se produzem no interior das células, ajudou roedores, com lesões graves na medula espinal, a recuperar a capacidade de urinar ou fazer movimentos.

Jerry Silver, o neuro-cientista da Case Western Reserve University, em Cleveland, nos Estados Unidos, que encabeçou a investigação, ressalva que são necessários mais estudos, apesar de os resultados representarem uma esperança para futuros tratamentos em humanos.

O trabalho procurou formas de resolver o problema de fibras nervosas da medula espinal danificadas de tal forma que os sinais emitidos pelo cérebro não chegam aos músculos abaixo da zona lesionada.

As fibras nervosas tentam atravessar a área lesionada e ligar-se a outras fibras, mas ficam encurraladas devido aos proteoglicanos, proteínas que existem no interior das células.

A nova substância, ISP, foi concebida para agir no recetor das biomoléculas na superfície das células nervosas. Tal como um interruptor, “apaga” a resposta aos proteoglicanos, que causam o bloqueio.

Na experiência, 26 ratos com lesões graves na medula espinal foram tratados com ISP durante sete semanas. A maioria, 21, recuperou uma ou mais de três funções: capacidade de movimento, de equilíbrio e de controlo do acto de urinar.

Alguns dos roedores conseguiram readquirir as três funções, outros uma ou duas, e cinco nenhuma.

Os investigadores não conseguiram perceber por que os animais recuperaram uma determinada função, e não outra.

Segundo o estudo, o novo composto induziu o aparecimento de ramificações de fibras nervosas, que controlam o movimento abaixo na zona lesionada.

O mecanismo pode ter tido efeito, de acordo com os cientistas, no reforço dos níveis de um importante neurotransmissor, a serotonina, entre as poucas fibras nervosas que não ficaram danificadas.

/Lusa

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