Nova estirpe mais mortal de varíola dos macacos pode atravessar fronteiras. OMS “muito preocupada”

OMS recebeu relatos de 11 mil casos e 445 mortes em 26 países no último mês. Nova estirpe “pode atravessar fronteiras e continuar a circular”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou esta quinta-feira para a ameaça que a varíola dos macacos representa para a saúde mundial, devido ao surto epidémico de uma nova estirpe do vírus, mais mortal, na República Democrática do Congo (RDCongo).

A OMS, que designa aquela doença como Mpox, afirmou ter recebido relatos de casos em 26 países durante o último mês.

A Mpox “continua a ser uma ameaça para a saúde mundial”, declarou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa.

A África do Sul registou recentemente 20 casos, incluindo três mortes, “os primeiros casos no país desde 2022”.

Nenhum dos doentes tinha viajado para o estrangeiro, “o que sugere que os casos confirmados representam uma pequena percentagem do total de casos e que a transmissão comunitária está em curso“, sublinhou.

A situação na RDCongo, onde uma nova estirpe do vírus se tem vindo a propagar desde setembro, é particularmente alarmante.

Esta epidemia “não dá sinais de abrandamento”, acrescentou Tedros, enquanto Rosamund Lewis, especialista da OMS em “varíola dos macacos”, sublinhou que a organização está “muito preocupada” após terem sido notificados 11 mil casos, incluindo 445 mortes, sendo as crianças as mais afetadas.

Existe o risco de o vírus atravessar as fronteiras e continuar a circular, porque as fronteiras são muito porosas com os países vizinhos”, afirmou Lewis.

A nova estirpe, mais mortal

Desde setembro último, uma nova estirpe do Clade, ainda mais mortal, tem vindo a propagar-se na RDCongo, sendo também transmitida através do contacto sexual entre homossexuais, tendo a epidemia começado entre as pessoas que se prostituem.

Os testes revelaram que se tratava de uma nova variante, resultado de uma mutação, da Clade I, denominada Clade Ib.

A nova estirpe é transmitida (…) até agora exclusivamente de pessoa para pessoa”, afirmou Rosamund Lewis.

De onde veio a Mpox?

A Mpox foi descoberta pela primeira vez em seres humanos em 1970, na atual RDCongo, com a propagação do subtipo Clade 1, que desde então tem estado confinado principalmente a países da África Ocidental e Central, sendo os doentes geralmente alvo de contágio por animais infetados, por exemplo, ao comerem carne de animais selvagens.

Mas em maio de 2022, surgiram infeções pelo vírus Mpox em todo o mundo, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais.

O subtipo responsável era o Clade II.

A epidemia mundial de “varíola dos macacos”, há dois anos, levou a OMS a declarar uma emergência de saúde pública de âmbito internacional em julho de 2022.

A OMS terminou este estado de alerta, o mais elevado da organização, em maio de 2023, mas continua a recomendar vigilância.

A varíola dos macacos “não vai desaparecer (…) vivemos num mundo interligado e a propagação deste vírus pode continuar”, alertou Maria Van Kerkhove, diretora de preparação para epidemias da OMS.

ZAP // Lusa

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