Nova “clínica do terror”. Suspeitas de abuso sexual e maus-tratos a pacientes psiquiátricas em Itália

Um total de 30 pessoas, entre enfermeiras e outros profissionais de saúde, foram detidas por abuso sexual e maus-tratos a pacientes na clínica psiquiátrica Don Uva em Foggia, na região de Puglia, sul da Itália.

As investigações, iniciadas no passado verão, após algumas denúncias, revelaram, graças ao uso de câmaras, os contínuos maus-tratos, espancamentos e até abusos sexuais sofridos por pacientes internadas no centro, informou agora a polícia militar italiana.

Os crimes imputados aos detidos, entre os quais enfermeiros e auxiliares, são maus tratos agravados, rapto e violência sexual contra pelo menos 25 doentes. O jornal italiano Corriere del Mezzogiorno divulga imagens das câmaras de videovigilância.

As vítimas são pacientes internadas na enfermaria psiquiátrica feminina de longa permanência e têm todas entre 40 e 60 anos.

Além de buscas nas residências dos detidos, a clínica também foi revistada, mas até o momento os responsáveis pelo centro não foram investigados.

As investigações começaram em junho de 2022, sob a suspeita de que um profissional tivesse tido relações sexuais com duas pacientes, e após a colocação das câmaras descobriu-se que as pacientes sofriam humilhações diárias, insultos e espancamentos.

A empresa que gere a clínica diz que aguarda “detalhes do trabalho realizado pelo judiciário em colaboração com a nossa administração” e que “trabalha desde o primeiro dia para a proteção dos pacientes, especialmente aqueles que estão mais fragilizados em termos mentais”.

O caso faz lembrar a chamada “clínica do terror” que, em 2014, foi encerrada pela polícia italiana. A clínica de Montaquila, no centro do país, abrigava idosos e deficientes mentais. As autoridades detiveram 13 pessoas, entre as quais o então autarca, Francesco Rossi, que era dono do estabelecimento.

Os pacientes sofriam maus-tratos, eram mantidos em condições insalubres e eram até amarrados às próprias camas. Imagens divulgadas pela polícia mostram que em vez de lençóis, as camas eram cobertas com lonas. Homens e mulheres eram obrigados a tomar banho juntos e a secar-se em lençóis sujos.

Embora a clínica tivesse condições para apenas 150 pacientes, no momento da operação policial estavam 180 pessoas alojadas. Quando a polícia chegou, apenas dois funcionários estavam a cuidar dos pacientes.

Daniel Costa, ZAP // Lusa

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