/

Nota artística: FC Porto com baliza tão longe…no Irão

Tu, que estás aí desse lado, admite: nunca tinhas ouvido estes acordes:

Eu apresento: é o hino oficial da Liga dos Campeões, a competição mais mediática de clubes no futebol. E é nessa competição que continuava o FC Porto, já nos quartos-de-final, diante do Chelsea.

Na primeira mão o campeão português perdeu por 2-0 mas jogou em Sevilha, longe do nosso país. Agora o jogo vai ser…em Sevilha? Estão a dar-nos música?

Portugueses recebem ingleses: jogo realizado em Espanha. Ingleses recebem portugueses: jogo realizado em Espanha. Foi isso que percebi. Mas devo estar maluco.

E durante o jogo confirmei que estou mesmo maluco. Maluco e pouco informado: nem sabia que o treinador do FC Porto estava suspenso pela UEFA… Só isso explica a localização de Julen Lopetegui, nas bancadas.

Mas o próprio Lopetegui também não deve estar bom da cabeça. É que, no dia seguinte à partida, li que o espanhol foi até ao estádio para ver o Corona de perto, para na próxima época ter o Corona por perto. Quem é que quer ter o corona por perto?

Está tudo maluco.

Por falar em Corona, tu é que podias ter direcionado melhor a bola, naquele momento em que deixaste o defesa fora da jogada, já dentro da área. É que espaços como aquele dificilmente se repetem, até ao final da partida. Olha que, no primeiro jogo, no Port…em Sevilha, os ingleses viram que tinham espaço e marcaram. Duas vezes. Tu envias a bola para as nuvens… Assim fica complicado.

E foi complicado ver os guarda-redes a mexerem-se durante a primeira parte. O FC Porto precisava de marcar. Era a única equipa que precisava de marcar. Mas é preciso dar trabalho ao guarda-redes. Deixa ver as estatísticas ao intervalo: zero defesas. Nenhum guarda-redes teve de se aplicar a sério, durante 45 minutos. Assim se vê o trabalho que o Mendy teve. Ou não teve.

Ter ou não ter: eis a questão.

Ter e não ter: eis a questão. Ter a vontade e o empenho de querer marcar contra o Chelsea. E não ter a capacidade de sequer assustar o guarda-redes adversário.

Convenhamos, meu amigo: a baliza esteve tão longe até ao intervalo…

Primeira defesa do jogo! Aos 64 minutos! Que proeza. Aliás, no jogo todo o Mendy só realizou duas defesas e ambas fáceis. O Marchesín aplicou-se a sério num contra-ataque rápido do Pulišić – e esta parecia ser a única grande oportunidade de golo neste duelo.

Até que, já nos descontos, apareceu…aquilo.

Eu nem sei como classificar aquele movimento do Taremi. Mas sei dizer umas coisas: primeiro, fez-me logo lembrar um famoso golo do Cristiano madeirense, em Turim, mas quando ainda morava em Madrid; segundo, pensei que este golo deveria ter sido apontado mais cedo; terceiro, achei mais bonita esta bicicleta do que muitas que circulam durante a Volta a Portugal.

Vencemos. Mas perdemos. O campeão português esteve entre as oito melhores equipas na Liga dos Campeões nesta época. E poderia claramente ter entrado nas quatro melhores. Foi pena. Mas de que adianta dominar na posse de bola, inclinar o campo, quando não se marca e quase nem se criam situações para marcar?

Ah, mas no final, o habitualmente revoltado Sérgio Oliveira disse: “Não me lembro de oportunidades de golo criadas pelo Chelsea”. Ai não? Eu por acaso lembro-me. Foi só uma, mas lembro-me. Mas, excetuando o golo, tu lembras-te de oportunidades criadas pelo FC Porto, que era a equipa que precisava de marcar?

Nuno Teixeira, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.