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Norte-americanos doentes estão a tomar antibióticos para peixe. É mais barato do que ir ao médico

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Um novo estudo encontrou evidências de que os norte-americanos estão a comprar antibióticos para peixe online – e a tomá-los. Presumivelmente, a razão por trás dessa decisão é o facto de os antibióticos serem mais baratos do que ir ao médico.

Investigadores da Universidade da Carolina do Sul examinou críticas online de 24 sites que vendem nove tipos de antibióticos para peixe. Das quase 2.300 avaliações analisadas, 55 (2,4%) pareciam indicar que os clientes estavam a comprar o produto para uso humano. Embora essas avaliações fossem poucas e distantes, receberam mais atenção e gostos positivos de outros utilizadores do que as críticas comuns.

Além disso, a equipa também encontrou pelo menos um revendedor que garantiu aos clientes, de acordo com o Gizmodo, que os antibióticos eram bons para uso em pessoas, em resposta a uma pergunta.

A investigação preliminar, que ainda não foi revista por pares, foi apresentada na quarta-feira passada na reunião clínica da Sociedade Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde (ASHP).

“Embora o consumo humano de antibióticos para peixe seja provavelmente baixo, qualquer consumo humano de antibióticos destinados a animais é alarmante“, disse, em comunicado, o autor do estudo Brandon Bookstaver, da Faculdade de Farmácia da Universidade da Carolina do Sul.

Embora não se saiba porque é que estas pessoas se voltaram para os medicamentos para peixes, Bookstaver e a sua equipa observaram que os antibióticos são muito menos regulamentados do que os vendidos para pessoas, gado e animais de estimação, como gatos e cães.

Em termos de custo, provavelmente são mais baratos do que pagaria pela versão humana sem seguro. No estudo, por exemplo, encontraram um frasco de 30 cápsulas de 500 miligramas de amoxicilina vendido por 8,99 dólares (equivalente a 8,09 euros), enquanto a mesma quantidade pode chegar a 32 dólares (equivalente a 28 euros). A comparação não leva em consideração as despesas adicionais e o tempo gasto numa consulta médica, enquanto os antibióticos de peixe são comprados no balcão.

Estes medicamentos podem não ser funcionalmente diferentes em ingredientes da versão que se obteria de um médico, mas, como não são regulamentados, não há forma de saber se as pessoas estão realmente a ter o que os rótulos prometem.

Ainda assim, as pessoas estão a colocar-se me risco. Os médicos já tendem a sobrescrever antibióticos quando não são necessários, o que aumenta o risco de bactérias se tornarem resistentes. Além disso, os antibióticos têm efeitos colaterais.

Alguns médicos encontraram pacientes que usavam antibióticos para peixe que tiveram consequências terríveis. Ao jornal britânico The Guardian, Farzon Nahvi, médica do departamento de emergência de Nova Iorque, disse que uma das suas pacientes que tomou antibióticos para peixe porque não tinha plano de saúde, “teve uma overdose, acabou nos cuidados intensivos e acabou muito mais doente e com uma conta ainda maior. Além disso, perdeu uma entrevista de emprego, que poderia ter sido a sua passagem para o seguro de saúde”.

ZAP //

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