Ninguém (tem) nota. A economia cresce, mas os portugueses não sentem

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OCDE diz que a economia portuguesa está melhor do que se pensa, mas 80% dos portugueses não notam isso.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em alta as perspetivas de crescimento da economia portuguesa deste ano para 2,5%, impulsionada pelo PRR e pelas exportações, nomeadamente o turismo.

No relatório de atualização das perspetivas económicas de 2023, publicado esta quarta-feira, a OCDE prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português de 2,5% este ano e de 1,5% em 2024 – quando anteriormente apontava para um crescimento de 1% este ano e de 1,2% em 2024.

Apesar das previsões positivas apontadas pelas principais instituições económicas nacionais e internacionais, mais de 80% dos portugueses acha que a sua vida económica não está a melhorar.

É o que revela uma sondagem da Intercampus publicada hoje no Correio da Manhã.

O ‘barómetro’ mostra também que apenas 8,7% dos portugueses inquiridos sentem melhorias na sua vida económica.

A OCDE destaca o papel do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no crescimento do investimento público, mas alerta para que a elevada incerteza e a subida das taxas de juro continuarão a pesar sobre o investimento empresarial e habitacional.

Não deixa também de admitir que, “a inflação elevada continuar a reduzir o poder de compra”, alterando o plano orçamental de muitas famílias.

Segundo a sondagem publicada pelo CM, mais de 90% dos inquiridos admitem ter reduzido as despesas em restaurantes e quase 43% reduziram os gastos em bens de primeira necessidade.

65% da amostra dizem que vão gastar menos dinheiro em férias; mas é de férias que a economia precisa para continuar a crescer.

De acordo com o relatório da OCDE, a aceleração projetada na atividade entre os parceiros comerciais irá apoiar as exportações – principalmente de serviços como o turismo.

A OCDE prevê, para este ano, que as exportações de bens e serviços crescem 8%, as importações 3,5%, enquanto o consumo interno 0,6% e o investimento 3,1%.

No retrato sobre o início deste ano, sublinha que como os preços da energia e dos alimentos continuam altos e as taxas de juros continuam a subir, o crescimento da procura interna diminuiu e a inflação está a reduzir o poder de compra.

No entanto, os gastos do PRR, as medidas de apoio orçamental no valor de cerca de 3,7% do PIB em 2023 e o aumento da atividade nos parceiros comerciais estão a apoiar a atividade.

O PIB cresceu 1,6% nos primeiros três meses de 2023, impulsionado “significativamente pelo forte crescimento das exportações”, esclarece o organismo.

A OCDE salienta que as reformas e os investimentos no âmbito do PRR têm um “forte potencial” para apoiar o crescimento.

“Garantir a implementação completa do PRR irá maximizar os benefícios. Continuar a melhorar o acesso a creches de boa qualidade permitiria que mais mulheres entrassem no mercado de trabalho e ajudassem a reduzir as disparidades no mercado de trabalho”, acrescenta.

Para este ano, o Conselho das Finanças Públicas (CFP) prevê uma expansão de 1,2%, o Banco de Portugal (BdP) de 1,8%, o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 1%, o Ministério das Finanças de 1,8% e a Comissão Europeia de 2,4%.

A OCDE foi ainda mais otimista e aponta o crescimento da economia portuguesa deste ano para 2,5%.

ZAP // Lusa

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