Muitos deles são robots automatizados. Outros são “homens raivosos presos em ciclos de comunicação social polarizadores”.
As alterações climáticas são um dos motivos que têm originado mais protestos, mais alertas, a nível mundial nos últimos anos.
Aliás, se excluirmos os contextos específicos de cada país, se pensarmos apenas em assuntos globais, este será o assunto mais frequente em manifestações – sobretudo entre os jovens.
Mas há quem negue. Há quem insista que as alterações climáticas. Talvez inspirados por campanhas de desinformação impulsionadas por empresas de combustíveis fósseis.
Noutro nível, os governos aceitam doações generosas de céticos e interesses em combustíveis fósseis e subsidiam as indústrias de gás e petróleo.
Por isso, e não só, multiplicam-se as declarações de pessoas que asseguram que a conversa das alterações climáticas são uma “treta”, que é tudo uma fraude.
No canal Euronews a psicóloga Jessica Kleczka, que encontra negacionistas “a toda a hora” nas redes sociais, avisa que estas pessoas “são vítimas, não vilões”.
“Muitos deles são bots automatizados. Outros são homens raivosos presos em ciclos de comunicação social polarizadores, muitos com interesses e afiliações da indústria, que veem a defesa de um planeta habitável como propaganda desperta”, justifica.
São “minorias vocais e não vale a pena gastar muita energia com eles”.
Negacionistas “desconsiderados” são aqueles que sabem que as mudanças climáticas existem mas não se importam.
Outros negacionistas pertencem, curiosamente, a grupos que serão fortemente afectados pelo aumento das temperaturas.
Justificação
É mais por aqui: “A negação climática geralmente decorre do medo da mudança e do que a crise climática significará para as nossas vidas, meios de subsistência e estilos de vida”.
Ou seja: as pessoas recusam acreditar que a vida delas pode mesmo piorar. E, por isso, “viram-se” para quem está a alertar sobre o assunto.
Quando o ser humano sente que está ameaçado, a reacção habitual é uma destas: luta contra o que pode acontecer, fuga do tema ou congelamento (medo e incapacidade de agir).
Mas, avisa a psicóloga e também activista, não se deve demonizar quem não acredita nestas alterações. Aliás, deve-se falar com compaixão – algo que pode ajudar bastante os negacionistas a “libertarem-se da negação”.
“Muitas pessoas são vítimas da sua própria resposta emocional à crise climática, e não vilões. Como ameaça final, a crise climática desencadeia um profundo medo da mudança”, reforça Jéssica.
A chave é ajudar as pessoas a entender que a mudança climática descontrolada representa um risco muito maior do que praticamente qualquer outra alternativa.
“Embora devamos aprender a validar os nossos sentimentos relacionados com o clima, é crucial entender que ceder ao pessimismo significa trair pessoas um pouco por todo o mundo, para quem a mudança climática é um perigo agudo e que ameaça a vida”, indica a psicóloga e activista.