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Neandertais e mamutes podem ter compartilhado traços genéticos

Mihin89 / Deviant Art

“Caçadores de mamutes” por Mihin89

Os perfis genéticos de dois mamíferos extintos com ascendência africana – mamutes lanosos e neandertais – evoluíram compartilhando características genéticas de adaptação a ambientes frios, sugere um novo estudo. 

De acordo com a investigação, levada a cabo por cientistas da Universidade de Tel Aviv, em Israel, a relação entre estes seres humanos e o ancestral do elefante durante o Pleistoceno é resultado da sua ecologia mútua e aos ambientes de vida compartilhados, bem como a outras interações desconhecidas sobre as duas espécies.

O estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica especializada Human Biology, observa que a evolução e a relação genética entre neandertais e mamutes era mais próxima do que imaginávamos até então.

“Os neandertais e os mamutes viveram juntos na Europa durante a Idade do Gelo, e as evidências sugerem que os neandertais caçaram e comeram mamutes durante dezenas de milhares de anos e dependiam fisicamente das calorias extraídas dos mamutes para uma adaptação bem-sucedida”, explicou o professor Ran Barkai, da Universidade de Telavive, que conduziu o estudo com o especialista Meidad Kislev.

“Os neandertais dependiam dos mamutes para a sua própria existência. Dizem que somos o que comemos e isto é especialmente verdadeiro para os neandertais, que comiam mamutes e que, ao parece, eram também geneticamente semelhantes aos mamutes”.

Para avaliar o grau de semelhança entre os componentes genéticos de mamutes e neandertais, os arqueólogos revisaram três estudos de caso de variantes genéticas relevantes e alelos – formas alternativas de um gene que surgem por mutação e são encontradas no mesmo lugar num cromossoma – associado à adaptação ao clima frio encontrado nos genomas de mamutes lanosos e neandertais.

“As nossas observações apresentam a probabilidade de semelhança entre numerosas variantes moleculares que resultaram em características epigenéticas semelhantes adaptadas ao frio de duas espécies, que evoluíram na Eurásia a partir de um ancestral africano”, explicou Meidad Kislev, citado em comunicado.

“Estas descobertas notáveis fornecem evidências que sustentam a disputa em relação à natureza de evolução convergente através da semelhança molecular, na qual as semelhanças estão presentes em variantes genéticas entre as espécies adaptadas”.

E concluiu: “Acreditamos que este tipo de conexões podem ser valiosos para futuras investigações evolutivas, e são especialmente interessantes quando envolvem outros mamíferos com grandes cérebros, vidas longas, comportamentos sociais complexos e as suas interações em habitats compartilhados com seres humanos primitivos”.

De acordo com o estudo, é provável que ambas as espécies sejam oriundas de ancestrais que vieram de África para a Europa e se adaptaram às condições de vida na Idade do Gelo. As espécies extinguir-se também mais ou menos na mesma época.

“Agora é possível tentar responder a uma pergunta que ninguém fez antes: existem semelhanças genéticas entre os caminhos da adaptação evolucionária nos neandertais e nos mamutes?”, atira Barkai. “A resposta parece ser sim. Esta ideia única abre infinitas possibilidades de novas investigações em evolução, arqueologia e outras disciplinas”.

ZAP //

 

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