Um novo estudo mostra que os fósseis neandertais de uma caverna na Bélgica, que supostamente pertencem aos últimos sobreviventes da sua espécie na Europa, são milhares de anos mais antigos do que se pensava.
A última datação por radiocarbono destes fósseis, descobertos na caverna de Spy, na Bélgica, revelou que tinham cerca de 24 mil anos. Porém, segundo a agência France-Presse (AFP), citada pelo site Science Alert, a nova análise estimou que tenham, afinal, entre 44.200 e 40.600 anos.
Em declarações à agência francesa, Thibaut Deviese, um dos coautores do estudo e investigador da Universidade de Oxford e da Universidade Aix-Marseille, em França, explicou que a equipa desenvolveu um método mais robusto para preparar amostras, que é mais eficaz a excluir contaminantes.
Ou seja, este novo método ainda depende da datação por radiocarbono, considerada há muito o padrão-ouro da datação arqueológica, mas refina a forma como os espécimes são recolhidos.
Segundo a AFP, os investigadores também dataram espécimes Neandertais de outros dois lugares na Bélgica – Fonds-de-Foret e Engis –, tendo encontrado idades comparáveis.
“Datar todos estes espécimes foi muito emocionante, uma vez que tiveram um papel crucial na compreensão e na definição dos Neandertais”, disse ainda Gregory Abrams, outro dos autores do estudo, do Centro Arqueológico da Caverna Scladina.
“Quase dois séculos depois da descoberta do filho Neandertal de Engis, fomos capazes de dar uma idade confiável”, acrescentou.
O sequenciamento genético foi, entretanto, capaz de mostrar que um osso do ombro de um Neandertal, datado de há 28 mil anos, estava fortemente contaminado com ADN bovino, sugerindo que o osso tinha sido preservado com uma cola feita de ossos de gado.
“Definir datas é crucial na arqueologia. Sem uma cronologia confiável não podemos mesmo confiar que compreendemos a relação entre os Neandertais e o Homo Sapiens”, disse também Tom Higham, investigador da Universidade de Oxford e coautor do estudo.
O uso de algumas ferramentas de pedra foi atribuído aos Neandertais e interpretado como um sinal da sua evolução cognitiva, afirmou Deviese. Contudo, se a linha do tempo da sua existência está a ser empurrada para trás, acrescentou, então as indústrias paleolíticas deveriam ser reexaminadas para determinar se realmente foram obra destas espécies extintas de hominídeos.
O estudo foi publicado, este mês, na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).