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Estudo mostra que o navio Mary Rose tinha uma tripulação multiétnica

A análise dos restos mortais de parte da tripulação do navio de guerra Mary Rose, o favorito do rei Henrique VIII de Inglaterra, mostra a diversidade que já existia no período Tudor.

O navio de guerra Mary Rose afundou, a 19 de julho de 1545, ao largo de Portsmouth, durante a Batalha do Solent, tendo levado à morte da maioria dos seus 415 tripulantes. Em 1982, foi trazido à superfície e foram encontrados não só restos mortais de pelo menos 179 pessoas, como também milhares de objetos, desde armas e ferramentas a jogos.

Agora, conta o jornal The Guardian, o estudo mais aprofundado já alguma vez feito de alguns destes restos mortais mostra que a sociedade Tudor era mais diversa do que se pensava.

Ao combinar evidências sobre onde foram encontrados os restos mortais no navio com análises dos seus dentes, os investigadores conseguiram examinar a vida de oito destes homens, que morreram há quase cinco séculos.

Quatro destes tripulantes foram apelidados de arqueiro, cozinheiro, oficial e comissário, devido ao local no navio onde foram encontrados ou graças aos objetos perto dos seus restos mortais. Tanto estes como um quinto homem, conhecido como o jovem marinheiro, eram quase de certeza da Grã-Bretanha.

Porém, três dos oito tripulantes agora estudados muito provavelmente cresceram mais a sul. Os investigadores acreditam que o chamado cavalheiro – porque foi encontrado perto de um baú que continha uma bracelete semelhante às produzidas no norte de Itália, nos séculos XIV e XV – pode ter vindo da costa do Mediterrâneo.

Os objetos encontrados na cabine dos carpinteiros, como moedas espanholas e ferramentas de estilo espanhol, sugeriram que pelo menos um deles pode ter vindo da Península Ibérica. E a análise dos restos mortais do sétimo homem, que foi encontrado perto da cabine, sugere que veio do interior do sudoeste de Espanha.

Quanto ao oitavo tripulante – conhecido como arqueiro real porque tinha uma proteção de pulso de couro com o símbolo de uma romã, associada a Catarina de Aragão, a primeira mulher de Henrique VIII –, a equipa acredita que veio da Cordilheira do Atlas, ou também possivelmente de Espanha.

Em declarações ao diário britânico, Alexzandra Hildred, líder da investigação e curadora da artilharia e dos restos humanos do Mary Rose Trust, contou que o número de objetos recuperados do navio que não foram feitos em Inglaterra já sugeria que alguns dos tripulantes eram estrangeiros.

“No entanto, nunca esperámos que essa diversidade fosse tão rica. Este estudo transforma as nossas ideias sobre a composição da primeira marinha inglesa”, declarou.

ZAP //

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