Tromba de água atingiu o iate durante tempestade. Um corpo foi recuperado, mas quatro passageiros britânicos e dois norte-americanos continuam desaparecidos. Uma das sobreviventes segurou a filha “com todas as forças” acima da água para a salvar.
O magnata britânico da tecnologia Mike Lynch é uma das pessoas dadas como desaparecidas no naufrágio do iate de luxo durante uma tempestade perto da Sicília, Itália.
Entre os desaparecidos encontra-se também a filha de Lynch, Hannah Lynch, de 18 anos. A sua mulher, Angela Bacares, foi resgatada, disse uma fonte próxima das operações de salvamento.
O empresário de 59 anos, fundador da empresa de software ‘Autonomy’, é um dos mais famosos empresários britânicos do setor tecnológico.
Além do magnata, que é conhecido como o “Bill Gates britânico”, também o presidente do banco Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, e o advogado Chris Morvillo, do escritório Clifford Chance, estão entre os desaparecidos do iate que naufragou, informou a BBC.
Com 22 pessoas a bordo, o veleiro “Bayesian” de 56 metros e bandeira britânica afundou-se ao largo de Porticello, uma cidade costeira cerca de 15 quilómetros a leste de Palermo, por volta das 05:00 horas (04:00 de Lisboa) de segunda-feira, na sequência de uma violenta tempestade, informou a guarda costeira.
“Não percebemos o que estava prestes a acontecer”, contou o capitão do navio, James Catfield, ao jornal italiano La Repubblica.
O iate transportava 10 membros da tripulação e 12 passageiros, dos quais 15, incluindo a mulher de Lynch, Angela Bacares, foram resgatados, tendo sido recuperado um corpo, que os meios de comunicação social locais acreditam ser o cozinheiro do barco.
Mergulhadores estão a fazer buscas no casco do navio afundado, que se encontra a cerca de 49 metros de profundidade, enquanto barcos de patrulha e helicópteros da Guarda Costeira procuram os desaparecidos na zona. Quatro dos passageiros desaparecidos são britânicos e dois são norte-americanos.
Entre os sobreviventes, a maioria dos quais britânicos, encontram-se dois cidadãos franco-britânicos, um cingalês, um neozelandês e um irlandês, segundo a imprensa.
Tudo o que conseguia ouvir eram os gritos
Também entre os sobreviventes estão Charlotte Golunski, o marido e a filha, de apenas 1 ano. Golunski conta ao La Reppublica que a sua família sobreviveu porque quando o iate começou a afundar, se encontravam todos no convés.
“Durante uns segundos, perdi a minha filha no meio do mar. Consegui agarrá-la, e segurei-a por cima das águas, no meio da tempestade, até chegar a um bote salva-vidas”, conta a jovem mãe britânica. “Conseguimos os 3 chegar ao bote, éramos 11 ao todo”.
“Estava tudo escuro. Na água, não conseguia manter os olhos abertos. Gritei por socorro, mas tudo o que conseguia ouvir à minha volta eram os gritos dos outros”, detalha Golunski.
Jonathan Bloomer, de 70 anos, é de nacionalidade britânica e fez parte do conselho de administração de várias empresas, enquanto Chris Morvillo trabalhou em vários casos de corrupção e foi procurador distrital de Nova Iorque de 1999 a 2005.
Morvillo também participou na investigação criminal dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque.
As autoridades portuárias abriram uma investigação sobre o acidente, que terá sido causado por uma tromba de água que atingiu o iate, segundo noticiaram os meios de comunicação social italianos.
O iate foi construído na Toscana em 2008 e restaurado em 2020, de acordo com a AFP. Este tipo de iate tem um mastro principal de alumínio que é considerado o mais alto do mundo, com 75 metros.
ZAP // Lusa