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“Há boas e más notícias”. NATO puxa as orelhas a Portugal (que tem um “ativo-chave” da aliança)

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Michael Reynolds / EPA

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO

A embaixadora dos Estados Unidos para a NATO defendeu em entrevista à Lusa que Portugal deve fazer mais para alcançar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa, apesar de admitir que houve progressos significativos.

“Aplaudimos e apoiamos tudo o que [Portugal] está a fazer dentro da NATO, é um aliado forte e capaz, mas têm de continuar a aumentar o investimento na Defesa”, sustentou Julianne Smith.

A embaixadora norte-americana junto da Aliança Atlântica acrescentou que nos últimos anos, Portugal “fez alguns progressos nesta matéria”, mas tem de “continuar focado no investimento na Defesa”.

O problema é recorrente a vários Estados-membros da NATO: “Há boas notícias, mas também há algumas más. Ainda não estamos numa situação em que os 30 membros da aliança têm planos para atingir os 2% do PIB ou estão perto de o conseguir.”

Julianne Smith reconheceu que os EUA estavam preocupados com as capacidades de vários Estados-membros. Contudo, isso não impediu os países de auxiliarem a Ucrânia quando a Federação Russa invadiu o país.

“Depois de a guerra começar, países como Portugal providenciaram assistência militar valiosa, mas ao fazê-lo, criaram falhas nos seus ‘stocks’ nacionais“, reconheceu.

Isto “é um assunto muito importante para os Estados Unidos”, garantiu, por isso, o aumento da despesa na Defesa “vai permitir a Portugal não só ajudar a aliança, como também poderá responder à escassez [de ‘stocks’] que tem” por causa do auxílio à Ucrânia.

Questionada sobre o episódio de alegada insubordinação na Marinha portuguesa que impediu o NRP Mondego de acompanhar um navio russo que atravessava as águas portuguesas, Julianne Smith disse estar surpreendida com o sucedido, mas reafirmou que as águas da aliança sobre a alçada de Lisboa estão bem entregues.

“A Marinha portuguesa é um ativo-chave da NATO. Confiamos no que eles fazem e estamos muito gratos pelo trabalho que desenvolvem”, completou.

Mas Moscovo não é a única preocupação de Washington e da aliança da qual Portugal também faz parte.

Nos últimos meses a crispação entre Pequim e Washington atingiu um dos pontos mais elevados dos últimos anos, por causa da posição ambígua da República Popular da China em relação ao conflito na Ucrânia e, mais recentemente, os incidentes com alegados balões meteorológicos chineses em solo norte-americano, que a Casa Branca considerou que eram uma tentativa de espionagem.

Na última semana, o Presidente chinês, Xi Jinping, viajou até Moscovo para em encontro com o homólogo russo, Vladimir Putin. A viagem foi considerada uma provocação, por ocorrer já depois de o Tribunal Penal Internacional emitir um mandado de detenção contra Putin por crimes de guerra na Ucrânia, nomeadamente o aleagado rapto de crianças ucranianas nas regiões ocupadas.

“Fomos muito claros com a República Popular da China sobre os riscos que acarreta apoiar materialmente a Rússia”, advertiu a diplomata norte-americana.

Com Taiwan permanente nos olhos de Pequim e nos objetivos do mandato renovado de Xi, Julianne Smith assumiu que “tem havido discussões com os aliados da NATO sobre a situação em Taiwan“, um dos pontos mais sensíveis da ordem geopolítica: “Avisámos os chineses com clareza sobre os riscos de um possível conflito militar.”

Julianne Smith é embaixadora dos Estados Unidos para a NATO desde novembro de 2021. Anteriormente foi consultora para o Secretário de Estado, Antony Blinken, e diretora dos Programas Geopolíticos e da Ásia no Fundo Alemão Marshall dos Estados Unidos.

Lusa //

31 Comments

  1. “têm de continuar a aumentar o investimento na Defesa”, significa: comprem-nos mais material de guerra “Lockeed Martin, boeing etc…” devido à guerra da Ucrânia agora o Tio Sam vai aumentar e muito a influência na Europa, a comunidade europeia com uma trela americana, ninguém mexe uma palha sem autorização da América. A Ursula anda a negociar pacotes de milhões que vamos pagar todos e ninguém a elegeu, a Lagarde já se sabe de onde veio.

    • Sim os tanques que tens até são americanos. O mesmo em relação às fragatas, pistolas glock, submarinos… E juízo nessa cabeça?!?
      E em relação a aumentar as despesas isso resulta do compromisso dos estados membros da NATO investirem anualmente 2% do PIB na defesa.

      • As Glock são Austriacas, e uma grande parte desses tanques estão inops e a dar peças aos , os 2% do PIB vão diretamente para os EUA e mandam para cá a sucata, assim como os Pandur, só Lixo, e que tal desenvolvermos a nossa Industria Militar, AS Ogmas, A FBP, A Berliet Tramagal, A Lisnave e Setenave, já não existem não é?, se calhar foram um tais ministros da defesa que as afundaram com segundos interesses, o tal ministro amigo do tio Sam. Não precisas de juízo nessa cabeça, tens é de começar a usá-la, e deixar de ver tv.

      • Ficaste sem argumentos. A grande maioria das nossas compras de material militar não é realizada aos americanos. Não sabias mas agora já foste informado. Levaste um banho de bola.

  2. Portugal não tem inimigos e portanto não precisa de continuar a pertencer à NATO, uma aliança que de defensivo já não tem nada. Quanto muito podemos assinar acordos de defesa com os países da CPLP e talvez com a Espanha e com Marrocos.

    • Estás muito enganado…uma vez mais… Portugal tem de se manter na NATO e até aumentar consideravelmente o seu esforço na organização.

      • Há quem goste de ser servo e ter patrões. Mas ter os americanos como patrões é puro masoquismo. Eu como gosto de ser livre recuso todas as algemas.

      • Nuno Cardoso da Silva, você ou é um daqueles que é pago pelo Putin, para desacreditar a democracia e a Liberdade, ou então é um perfeito otário.

    • Que comentário ridículo.
      Portugal não tem capacidade para se defender sozinho. Faz muito bem estar na NATO. E os inimigos não são uma coisa que se possa escolher não ter. Às vezes eles aparecem mesmo que nós não queiramos.
      E porque raio deveríamos fazer acordos de defesa com a CPLP. O que a língua tem a ver com estratégias de defesa militares?
      Suicide-se sozinho e não queira arrastar os portugueses para o abismo num mundo cada vez mais perigoso e instável.

  3. Invistam mas é em infraestruturas, hospitais, escolas, na capacitação tecnológica do país… e escolhem SEMPRE A PAZ
    Se já não temos poder de decisão em matéria de paz/guerra, os outros que comprem as armas… e que se destruam!

    • Os ucranianos também diziam isso até lhes entrarem pelo país dentro. Infelizmente, não somos nós que escolhemos a paz.

      • Somos sim. Mas quem escolhe as guerras em que os nossos vão morrer são os americanos.

      • Ha! Sim? Foi por vontade própria que enviámos tropas para a guerra no Afeganistão?…

      • Não, não somos. A Ucrânia demonstra-o. E de seguida a Moldávia e outros.
        Tu para seres consequente com o que dizes devias ir para a Rússia. Caso contrário és só tretas. Vamos ver se vais para a Rússia.

      • Já te puseram em muitas guerras efetivamente…Olha refere lá a longa lista de guerras em que os americanos levaram os soldados portugueses à morte! Fico à espera… sentado…

  4. Mais uma demonstração que a NATO não se conhece!
    O caso “Tancos”, foi mais um indicio a somar a muitos outros e, ninguém toma uma atitude!
    De relevo temos os que investigaram e, abafaram este caso em cena: PJM.

  5. Os EUA que são 90% da Nato não descansam enquanto não desencadearem a terceira guerra mundial. O problema da Rússia e da Ucrânia é uma história antiga e bem conhecida do Ocidente.
    O problema é que a Rússia não alinha com tudo aquilo que o Ocidente, que se julga dono do mundo, quer.
    O problema é entre a Rússia e a Ucrânia no entanto está a ser aproveitado pelos EUA para outros fins.

  6. Nuno Cardoso da Silva, você ou é um daqueles que é pago pelo Putin, para desacreditar a democracia e a Liberdade, ou então é um perfeito otário.

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