NASA desiste de plano para procurar vida em Marte. É demasiado caro

NASA/JPL-Caltech

Como visto nesta impressão de artista, o instrumento SHERLOC está localizado no fim do braço robótico do rover marciano Perseverance da NASA.

2040 é tarde demais para chegar ao Planeta Vermelho. Gigante do Espaço pede ideias de uma solução mais rápida e barata à indústria privada. ”Queremos obter todas as ideias novas e frescas que pudermos”.

O plano da NASA de trazer amostras de Marte para a Terra está suspenso até que exista uma forma mais rápida e barata, revelaram esta segunda-feira responsáveis da agência espacial norte-americana.

A recuperação do solo e das rochas de Marte está na lista de tarefas da NASA há décadas, mas a data de concretização continua a avançar, à medida que os custos aumentam.

Uma recente análise independente estimou o custo total entre oito mil milhões e 11 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões e 10,3 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual), com data de chegada em 2040, cerca de uma década depois do anunciado.

O chefe da NASA, Bill Nelson, considera que a data estimada é tarde demais e está a pedir à indústria privada e aos centros da agência espacial que apresentem outras opções para renovar o projeto. A NASA espera receber quaisquer ideias até ao final do outono.

“Aterrar e recolher as amostras em segurança, lançar um foguetão com as amostras para fora de outro planeta — o que nunca foi feito antes — e transportar as amostras em segurança mais de 53 milhões de quilómetros de volta à Terra não é tarefa fácil. Precisamos de olhar para fora da caixa para encontrar uma forma de avançar que seja acessível e que devolva as amostras num prazo razoável”, disse em comunicado da empresa.

Com a NASA a enfrentar cortes orçamentais generalizados, Bill Nelson quer evitar destruir outros projetos científicos para financiar o projeto de amostra de Marte. ”Queremos obter todas as ideias novas e frescas que pudermos”, realçou, em conferência de imprensa.

O rover Perseverance da NASA já recolheu 24 amostras de núcleo em tubos desde o pouso em 2021 na cratera Jezero de Marte, um antigo delta de um rio. O objetivo são mais de 30 amostras para procurar possíveis sinais de vida antiga em Marte.

A agência espacial quer levar pelo menos algumas das amostras recolhidas para a Terra em algum momento da década de 2030, com um custo que não seja superior a 7.000 milhões de dólares (6.000 milhões de euros).

Isso exigiria uma nave que fosse a Marte para retirar os tubos e lançá-los para fora do planeta. Depois deverá encontrar-se com outra nave espacial que traria as amostras para a Terra.

A chefe da missão científica da NASA, Nicky Fox, recusou-se a especular na conferência de imprensa quando as amostras poderiam chegar à Terra, apresentando um novo programa e cronograma, ou mesmo quantas amostras poderiam ser devolvidas.

“Nunca lançámos a partir de outro planeta, e é isso que torna o transporte de amostras de Marte uma missão tão desafiante e interessante”, salientou Fox.

Os cientistas estão ansiosos por analisar amostras imaculadas de Marte nos seus próprios laboratórios, muito superiores ao tipo de testes rudimentares feitos por naves espaciais no planeta vermelho.

Serão necessários testes tão aprofundados para confirmar qualquer evidência de vida microscópica que remonta a biliões de anos, quando a água fluía no planeta, de acordo com a NASA.

As amostras ajudarão a NASA a decidir para onde irão os astronautas em Marte na década de 2040, apontou Nelson.

ZAP // Lusa

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