“Não temos medo”. Funeral de Navalny marcado por ameaças

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SERGEI ILNITSKY/Lusa

Multidão à porta da igreja, no funeral do opositor russo Alexei Navalny

Indivíduos não identificados têm ameaçado fornecedores de veículos funerários. Quem participou nas manifestações não autorizadas será “responsabilizado” por lei, avisou o porta-voz do Kremlin.

Uma multidão apoiante de Alexei Navalny esteve na manhã desta sexta-feira junto à igreja onde o corpo do opositor russo esteve antes de ser sepultado num cemitério de Moscovo, constatou a agência France Presse.

A cerimónia teve início às 14:00 (11:00 em Lisboa), numa igreja num bairro da zona sudeste da capital russa, onde o opositor viveu. Os jornalistas da Agência France Presse (AFP) constataram que várias dezenas de membros das forças de segurança, incluindo a polícia de choque, foram destacados para a zona.

Alguns dos aliados do opositor russo, falecido há duas semanas, disseram ter sido  impedidos de contratar um carro funerário para transportar o corpo até ao local do serviço fúnebre. Segundo Kira Yarmish, porta-voz de Navalny, indivíduos não identificados têm ameaçado fornecedores de veículos funerários por telefone e, como resultado, nenhuma das empresas quis transportar o corpo.

Segundo a AFP, milhares de pessoas estavam desde cedo junto à igreja para prestarem homenagem ao opositor, algumas com flores nas mãos.

As autoridades isolaram com barreiras metálicas várias centenas de metros do percurso entre a igreja e o cemitério.

A multidão cantava o nome “Navalny” à medida que o carro funerário transportava o seu corpo.

“Não tiveste medo, nós não temos medo”, ouvia-se, mais tarde, do lado de fora da igreja.

A entrada não foi permitida ao público durante toda a cerimónia. “Não à guerra” e “Rússia será livre” ouvia-se no cortejo fúnebre depois de a urna de Navalny sair da cerimónia. Flores foram sendo atiradas ao carro funerário.

“Putin é um assassino”, gritou-se nas ruas, à porta do cemitério Borisovsky.

Equipa de Navalny divulgou, no Telegram, uma imagem do serviço fúnebre, onde se consegue ver o corpo de Alexei Navalny a ser velado por várias pessoas (incluindo os seus pais, Anatoly e Lyudmila Navalny, à esquerda na imagem).

Alexei Navalny, um dos principais críticos do regime do Kremlin, morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa colónia prisional russa no Ártico, em circunstâncias ainda por esclarecer.

Os apoiantes, a viúva e governos de vários países acusaram o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, de ser responsável pela morte.

O Kremlin nega as acusações. As autoridades russas só entregaram o corpo de Navalny à família no passado fim de semana permitindo a realização do funeral. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, já avisou: quem participar em manifestações não autorizadas será “responsabilizado” por lei, citado no Telegram pela agência russa Ria Novosti.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Que bom seria para a Humanidade, tirar a vida a este ser medonho! Um ditador que até flores repudia. Pobres russos que não podem abrir a boca!

  2. Virá o “Dia” de Putin , e espero que nem com flores seja lembrado ! ….Ditadores passados , tiveram o Fin a medida das suas ações , e en nada honrado ! o Fin de Mussolini foi , como referencia un terrível exemplo !

  3. Navalny está morto.
    A sua mensagem não!
    A mensagem que sobrevive, é o que falta a Putin para ser poderoso.
    Não deixemos morrer NUNCA as mensagens corajosas de quem trocou o bem estar e a vida pela salvação da humanidade.
    Mabtenhamo-los vivos e ativos nos nossos corações, junto dos nossos, verdadeiros modelos que valem a pena.

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