Dois colunistas e dois jornalistas apresentaram a sua demissão após bloqueio do apoio a Kamala Harris. Milhares de pessoas estão descontentes com a decisão do jornal americano em ser neutro na campanha eleitoral.
200 mil subscritores da plataforma digital do The Washington Post (WP) mostraram o seu descontentamento face ao bloqueio do apoio do diário à campanha de Kamala Harris ao cancelar a assinatura.
Este número, de acordo com a NPR, consiste em cerca de 8% dos assinantes do WP (cerca de 2,5 milhões no total), cujo dono, o empresário Jeffrey Bezos, já reconheceu que o momento não foi bem escolhido: “Foi um planeamento inadequado, e não uma estratégia intencional”, escreveu num artigo de opinião publicado no próprio WP.
“Não há aqui qualquer tipo de quid pro quo“, escreveu ainda, garantindo que não consultou nem informou nenhum candidato sobre a sua decisão.
“Quando se trata da aparência de conflito, não sou o proprietário ideal do The Post“, escreveu. “Asseguro-vos que os meus pontos de vista são, de facto, baseados em princípios, e acredito que o meu historial como proprietário do The Post desde 2013 confirma isso mesmo.”
“É uma decisão certamente razoável. Mas foi tomada a duas semanas das eleições e não houve qualquer deliberação séria e substantiva com o conselho editorial do jornal. Foi claramente tomada por outras razões, não por razões de princípio“, lamentou o ex-editor executivo, Marty Baron, numa entrevista à NPR.
Na sexta-feira, o diretor executivo do jornal e editor Will Lewis explicou a decisão de não apoiar a corrida presidencial deste ano ou de futuras eleições como um regresso às raízes do WP, uma vez que há já vários anos o diário tem-se intitulado de “jornal independente”.
“O problema é que as pessoas não sabem por que é que a decisão foi tomada. Sabemos que a decisão foi tomada, mas não sabemos o que levou a isso“, comenta o também ex-editor executivo, Marcus Brauchli.
Ainda assim, diz que esta decisão não deve fazer com que os subscritores desistam do WP: “É uma forma de enviar uma mensagem aos proprietários, mas é um tiro no pé para quem se preocupa com o tipo de jornalismo aprofundado e de qualidade que o Post produz”.
Três das dez histórias mais vistas no site do WP este domingo foram artigos escritos por jornalistas do diário indignados com a decisão de Bezos. O primeiro foi o artigo da colunista e humorista Alexandra Petri, com o título: “Coube-me a mim, colunista de humor, apoiar Harris para presidente”. O artigo foi lido por mais de 174 mil pessoas.
Molly Roberts foi uma das jornalistas que apresentaram a sua demissão após a decisão editorial. Explicou numa publicação nas redes sociais os seus motivos: “Donald Trump ainda não é um ditador”, escreveu numa declaração que publicou nas redes sociais. “Mas quanto mais calados estivermos, mais ele se aproxima”.
“Durante décadas, os editoriais do Washington Post foram um farol de luz, sinalizando esperança para dissidentes, prisioneiros políticos e os que não têm voz”, escreveu David Hoffman, o mais recente escritor a receber o prémio Pulitzer, que escrevia para o jornal e deixou agora de o fazer. “Considero insustentável e inconcebível que tenhamos perdido a nossa voz“.
Mais um que está feito com o Trump, só que não assume!
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“Donald Trump ainda não é um ditador (…) Mas quanto mais calados estivermos, mais ele se aproxima”. Eu pergunto, mas afinal quem é que vota no futuro Presidente dos EUA? Se tem tanto medo que Trump ganhe, é porque tem muitos americanos que vão votar nele, caso contrário não haveria esse receio. Na minha opinião, um jornal deve ser isento e não deve influênciar ninguém a votar no candidato X ou Y. Nesse aspecto concordo com o Jeff Bezos…