Sérgio Conceição considera que não foi “digno de ser treinador do FC Porto”, embora também tenha realçado que alguns jogadores “não foram dignos de vestir” a camisola portista.
Este domingo, o FC Porto saiu de Vila do Conde com uma pesada derrota por 3-1. O desaire portista foi fruto de uma primeira parte desastrosa dos campeões nacionais e de grande inspiração e eficácia dos homens da casa, que marcaram todos os seus golos antes do intervalo.
Ao fim dos 45 minutos, uma estatística demonstrava a prestação atípica dos ‘azuis e brancos’. Os comandados de Sérgio Conceição fizeram apenas uma falta na primeira parte, algo que nunca tinha acontecido no seu legado e não se repetia no clube desde fevereiro de 2016.
Além disso, realça o Observador, há 18 anos que o Rio Ave não vencia o FC Porto e nunca os vilacondenses tinham marcado três golos aos ‘dragões’. Para pintar uma imagem final da hecatombe, há quase dois anos que uma equipa não marcava três golos ao FC Porto.
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“Já tínhamos passado por momentos iguais em Vizela, onde dissecámos ao máximo esse jogo. Na primeira parte faltou tudo. Não podemos ter intenção de pressionar e depois não sermos nem uma coisa nem outra. Temos uma falta na primeira parte, isto não existe. Os duelos perdidos, as segundas bolas perdidas. O 3-0 nasceu de uma segunda bola perdida por nós. Atitude muito distante no jogo”, começou por dizer o treinador portista.
“Em termos estratégicos, sou o culpado. Cabe-me a mim, que sou o treinador, assumir a responsabilidade pelo que se passou. O jogo que perdemos há um ano e pouco, em Braga, não foi merecido. Esta é a segunda derrota em mais de ano e meio. Há que dar mérito aos jogadores que não deixaram de saber fazer as coisas. Mas há que rever muita coisa, a começar por mim”, acrescentou.
Sérgio Conceição assumiu que não esteve no seu melhor, mas também lançou farpas a alguns jogadores que “não foram dignos de vestir esta camisola”.
“Há jogos assim. O futebol tem de ser sempre olhado de forma máxima e a verdade é que hoje não fomos dignos. Eu, sentado, no banco, não fui digno de comandar a equipa do FC Porto na primeira parte. E alguns jogadores não foram dignos de vestir esta camisola”, atirou Conceição.
“Não fui digno de estar no banco a comandar a equipa pela primeira parte que fizemos. Não é possível uma equipa, campeã nacional, que praticamente não perde há um ano, fazer isto. Temos de olhar para o presente. Isto é um jogo para lembrar, não é um jogo para esquecer. Temos de baixar a cabeça e pensar no que não fizemos. A começar por mim”, adiu.
Pepe: “Perdemos a nossa identidade”
O internacional português e capitão portista, Pepe, também foi um dos maiores críticos à prestação da equipa nos Arcos.
“A nossa primeira parte ficou muito aquém do que somos, não fomos aquilo que somos, uma equipa pressionante e que não deixa o adversário jogar. O Rio Ave entrou bem, explorou bem o contra-ataque e marcou três golos. A segunda parte foi totalmente diferente, a nossa atitude pressionante veio ao de cima, roçou aquilo que somos como equipa, e o penálti do Taremi poderia ter sido o ponto de viragem para darmos a volta”, começou por dizer o central de 39 anos.
“Infelizmente não estivemos à altura do jogo. Tivemos um jogo menos conseguido em Vizela, um muito bom contra o Sporting, e hoje não entrámos bem e pagámos caro, até porque hoje todas as equipas trabalham bem e conhecem-nos bem. Temos de entrar sempre com a atitude da segunda parte para não sermos surpreendidos”, acrescentou Pepe.
“Não é normal sofrermos três golos da maneira que sofremos, o trabalho coletivo não foi bem conseguido. Sabemos o que falhou na primeira parte, na segunda parte já fomos a equipa a que habituámos os adeptos com o mister Sérgio Conceição. Temos de levantar a cabeça e tirar conclusões para que não se repita”, alertou ainda o veterano.
Este Conceição tem um ideário político-futebolístico. Culpa-se a si prório (sub-reticiamente) para poder dar uma chibatada em todos os jogadores. Não é por acaso que estes até têm medo dele. É um treinador mediano que se apoia muito na mocada habilidosa.
O FCPorto chegou a um ponto em que tudo o que era bom foi vendido. As soluções (de substituição) que se foram encontrando dentro de portas, chegaram ao fim. Por isso é que Conceição (um treinador mais temperamental do do que qualificado) já não consegue suprir as lacunas que agora se tornam mais claras.