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O cerco a Trump é liderado por uma mulher. Pelosi eleita presidente da Câmara dos Representantes

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Nancy Pelosi, a mulher mais poderosa do Partido Democrata, volta a ser eleita presidente da Câmara dos Representantes, no meio de um shutdown sem fim à vista.

O 116.º Congresso dos EUA abriu, esta quinta-feira, os seus trabalhos com a eleição da democrata Nancy Pelosi para a presidência da Câmara dos Representantes e uma série de novos congressistas democratas sedentos de confrontar o Presidente norte-americano, Donald Trump.

Pelosi, 78 anos, foi eleita com 220 votos favoráveis e 182 contrários, dos quais 15 provenientes das fileiras democratas.

A nova presidente da câmara baixa do Congresso norte-americano, em discurso escrito, prometeu “restaurar a integridade do Governo para que as pessoas tenham confiança em que o Governo trabalhe para o interesse público, não para os interesses especiais”.

O novo Congresso não se parece com nenhum outro. Há mais mulheres do que nunca e uma nova geração de muçulmanos, latinos, nativos americanos e afro-americanos na Câmara dos Representantes está a criar o que designam por democracia refletiva, mais alinhada com a população dos EUA.

Os eleitos republicanos, por seu turno, continuam a ser na sua maioria homens brancos.

Nas suas declarações, depois de ter recebido o malhete simbólico da função, Pelosi disse que “esta Câmara vai ser para o povo, para reduzir os custos dos cuidados de saúde e o preço dos medicamentos, para aumentar os salários através da reconstrução da América com infraestruturas verdes e modernas”.

Esta é uma conjuntura de profunda divisão política, que alguns analistas equiparam à da Guerra Civil.

As linhas de confronto estão marcadas, não apenas entre democratas e republicanos, mas também dentro dos próprios partidos, entre as respetivas alas esquerda e direita.

Pelosi desafiou a História ao regressar à função de presidente da Câmara, depois de oito anos na bancada da minoria, vencendo a oposição interna que pretendia uma nova geração de líderes.

Enquanto presidente, vai enfrentar desafios iniciais da robusta ala de recém-chegados ao Congresso, incluindo a nova-iorquina Alexandria Ocasio-Cortez, de 29 anos, que ganhou tal proeminência no Capitólio e nas redes sociais que já é conhecida pelas suas iniciais (AOC).

Entre as recém-eleitas está também a democrata Ilhan Omar, do Estado do Minnesota, que obrigou à mudança das regras do Congresso para poder usar no plenário um lenço na cabeça.

Na quarta-feira, colocou uma fotografia com a sua família no aeroporto, acompanhada deste texto: “Há 23 anos, o meu pai e eu chegámos a um aeroporto em Washington DC, vindos de um campo de refugiados do Quénia. Hoje, regressamos ao mesmo aeroporto na véspera do meu juramento como a primeira somali-americana no Congresso”.

Trump felicitou Pelosi

Numa curta aparição surpresa perante a imprensa, a primeira do ano, Donald Trump felicitou Pelosi, que aos 78 anos voltou a assumir a liderança da Câmara dos Representantes, cargo que já ocupou entre 2007 e 2011.

Precisamos de proteger a fronteira”, disse Trump no encontro com a imprensa, onde não houve direito a perguntas. A seu lado estava o presidente do Conselho de Patrulha da Fronteira, Brandon Judd, e outros membros da organização.

Durante o encerramento parcial do Governo, que hoje cumpre 13 dias e que ameaça estender-se enquanto não se aproximarem as posições do Congresso e do Executivo sobre os fundos para a o muro fronteiriço, Trump assegurou que é necessário deter a droga que chega aos Estados Unidos através das fronteiras.

O presidente dos EUA disse ainda que nunca como agora recebeu tanto apoio pela sua posição sobre a segurança nas fronteiras.

Minutos antes de aparecer diante dos jornalistas, Trump colocou na sua conta no Twitter um vídeo de apenas 20 segundos com fotos da fronteira, com imagens das centenas de pessoas que tentam entrar nos Estados Unidos, e frases como “crise na fronteira “, “crime” e “ilegalidade”.

Noutras mensagens no Twitter, Trump tinha responsabilizado os democratas pelo atual encerramento parcial da administração, assegurando que se trata de uma estratégia eleitoral do partido rival.

“O encerramento da administração deve-se apenas às eleições presidenciais de 2020. Os democratas sabem que não podem vencer com base em todas as conquistas de Trump. Para eles, é estritamente um jogo político”, escreveu.

A cessação das atividades da administração, que começou a 22 de dezembro, prejudica cerca de 800.000 dos 2,1 milhões de trabalhadores federais, que não recebem enquanto se mantiver a situação.

ZAP // Lusa

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