Museu francês descobre que mais de metade do seu acervo é falso

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“Vue d’Elne” (1900), trabalho do pintor francês Étienne Terrus

Mais de 80 obras expostas no museu dedicado ao pintor francês Étienne Terrus, em Elne, nunca foram pintadas pelo artista. Segundo um especialista, alguns quadros retratavam edifícios construídos após a morte do pintor.

O museu Étienne Terrus, no sul da França, descobriu que metade das obras da sua colecção é falsa, segundo revelou o site do canal de TV francês France 3. De acordo com o site, a polícia investiga um caso de tráfico alargado de obras de pintores locais, depois da descoberta de 82 falsificações no museu, que fica na pequena cidade de Elne, nos Pireneus.

O escândalo foi descoberto pelo historiador de arte Eric Forcada, que, após um obras de restauro no museu francês, começou a suspeitar da autenticidade de algumas das pinturas da colecção.

O elemento-chave, segundo a emissora de rádio local France Bleu, foi o facto de alguns desses quadros retratarem edifícios construídos após a morte de Terrus, em 1922.

Perante a suspeita, uma comissão de especialistas foi criada para analisar todo o acervo do museu, vindo a concluir que 82 das obras do museu – cerca de 60% do total – não poderiam ser atribuídas ao pintor.

A Câmara Municipal de Elne, uma pequena cidade na Catalunha francesa, apresentou uma denúncia por falsificação e estimou que o prejuízo causado pelas obras ilegítimas tenha sido de 160 mil euros.

As pinturas, desenhos e aguarelas foram adquiridos pelo município, ao longo de duas décadas, para integrarem o museu Terrus, dedicado ao artista que nasceu e morreu na cidade.

Coloco-me no lugar dos visitantes que pagaram pelo bilhete e viram obras falsas. É inaceitável”, declarou o autarca de Elne, Yves Barniol. A entrada no museu custa 3 euros.

Segundo a France Bleu, a investigação aberta pelas autoridades francesas contra o tráfico de obras de arte inclui outros artistas, e o prejuízo pode estender-se a toda a região.

Étienne Terrus nasceu em 1857 e morreu em 1922 em Elne, embora tenha vivido a maior parte da vida em Roussillon, também nos Pirineus Orientais. Amigo próximo do pintor Henri Matisse, as suas obras retratam habitualmente as paisagens da região.

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