Através de testes de ADN, uma mulher descobriu que, além de mãe, é também o “tio” da sua filha. Os médicos chegaram à conclusão de que a mãe é uma quimera.
Na mitologia grega, quimera é uma figura mística caracterizada por uma aparência híbrida de dois ou mais animais e a capacidade de lançar fogo pelas narinas, sendo, portanto, uma fera ou besta mitológica.
Mas não é deste tipo de quimeras que falamos hoje. Fazemos referência, mais especificamente, às quimeras humanas — pessoas com ADN de mais de um feto.
Joanne Unis, investigadora da Columbia University, apresentou o caso no Simpósio Internacional de Identificação Humana, em Washington.
O que começou como uma verificação de paternidade biológica de rotina para uma jovem rapidamente transformou-se num caso envolvendo vários especialistas, escreve o The Jerusalem Post.
Partes do exame mostraram que a mãe não era realmente a mãe da criança. Outros resultados mostraram que o pai da criança não era mesmo o pai. Além disso, a amostra de sangue da mãe biológica veio como sendo masculina.
A primeira reação foi pensar que houve algum tipo de erro. No entanto, a equipa encontrou resultados idênticos quando repetiram o teste. Unis sugeriu que esta era uma quimera humana.
O patologista genético Robert Wenk confirma que a mãe da criança é uma quimera natural. Normalmente, há poucos sinais externos que dão pistas desta condição, permitindo que passe muitas vezes despercebida.
Apesar dos poucos casos de quimerismo natural reportados, estima-se que a condição afete até 10% da população.
Descobertas mostram que em 30% dos nascimentos, os testes iniciais revelam sinais de gémeos, embora só nasça um bebé. A isto chama-se de síndrome do gémeo desaparecido.
Outro caso recente que atraiu mediatismo foi o da norte-americana Taylor Muhl. A cantora descobriu que tem dois tipos de ADN: o dela e o da irmã gémea. O problema? Muhl não tem uma irmã gémea.
No caso da sua mãe, dois óvulos separados foram fertilizados por dois espermatozoides diferentes, mas Taylor absorveu características genéticas do segundo embrião.
Unis e a sua equipa testaram os seus dois filhos mais velhos, uma filha e um filho. Os investigadores descobriram que há sinais de que alguns genes quiméricos do seu “tio” podem ter sido transferidos para eles.