“Estamos muito longe de vencer a crise.” Centeno lamenta demora dos fundos europeus

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André Kosters / Lusa

O ex-ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno

Para Mário Centeno, a Europa está “muito longe” de vencer a crise. O governador do Banco de Portugal considera ser necessário juntar estímulos orçamentais aos monetários para apoiar as economias.

Mário Centeno, antigo ministro das Finanças português e atual governador do Banco de Portugal (BdP), deu uma entrevista à Reuters na qual assume que a Europa deve ser “humilde” porque está “muito longe” de vencer a crise. Por esse motivo, considera ser necessário juntar estímulos orçamentais aos monetários para apoiar as economias.

Além de defender que a autoridade monetária europeia ainda “não esgotou” as possíveis ferramentas de apoio monetário, “sobretudo medidas que podem ser usadas em complemento a medidas do lado orçamental”, Centeno lamenta a demora da aprovação definitiva dos fundos de emergência e respetiva chegada às economias.

Para Mário Centeno, o processo está a “demorar mais tempo do que gostaríamos”. Ainda assim, o governador diz “confiar no processo europeu”.

Em relação às medidas de apoio monetário tomadas pelo BCE, nomeadamente o Plano de Compras de Emergência Pandémica, Centeno considera que foram “um sucesso”. Nos próximos trimestres, será mais claro o impacto favorável dessas medidas, realçou.

“Podemos ter esperança de que [os números da economia] no segundo e no terceiro trimestre irão demonstrar que a trajetória foi correta”, disse, referindo-se não só a criação deste programa de intervenção do BCE nos mercados de dívida, em março, mas também ao seu posterior reforço, no final de 2020.

Apesar disso, os líderes europeus têm de ser “humildes”. “A segunda e a terceira vaga da pandemia mostra que ainda estamos numa situação de emergência, longe de vencermos a crise e, por isso, temos de manter todas as nossas medidas ativas.”

Já quanto ao fim das moratórias e ao impacto desta medida na banca portuguesa, o antigo ministro das Finanças não antecipou que tal provoque um salto na quantidade de créditos problemáticos e mostrou-se tranquilo.

“Não temos sinais que isso possa acontecer”, afirmou, acrescentando que este “é um processo que depende muito de como a atividade económica for recuperando ao longo do ano”.

“Em 2020, os rácios de crédito malparado voltaram a cair em Portugal… Os bancos portugueses têm um nível de imparização muito grande destes créditos malparados”, afirmou.

ZAP //

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