Mudança histórica: EUA podem forçar empresas a revelar os riscos climáticos

Third Way Think Tank / Flickr

Gary Gensler, presidente da SEC

Quanto é que as empresas contribuem para as alterações climáticas e como são impactadas por elas? Estas questões são o foco de um anúncio importante da Securities and Exchange Commission.

Espera-se que o regulador financeiro americano proponha novas regras de divulgação que obriguem as empresas a comunicar as suas contribuições para as emissões de gases com efeito de estufa, bem como a forma como as alterações climáticas podem afetar as suas empresas, segundo a NPR.

Faz parte de um impulso global dos reguladores reconhecer as alterações climáticas como um risco para as suas economias e os seus sistemas financeiros.

Os investidores estão a exigir que as empresas revelem os riscos que apresentam para as alterações climáticas. Mas algumas empresas preocupam-se mais com os mandatos governamentais relacionados com o clima.

Qual é o objetivo da SEC?

A SEC é uma organização governamental de Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (“Securities and Exchange Commission” em inglês).

Algumas empresas, incluindo a Apple, já divulgam as suas emissões de gases com efeito de estufa, bem como as dos seus fornecedores.

Mas os Estados Unidos carecem de normas claras sobre o que é que as empresas têm de comunicar exatamente aos seus investidores, quando se trata de impacto e riscos climáticos. A SEC quer mudar isso.

Quaisquer regras propostas pelos quatro comissários da SEC, liderados pelo Presidente Gary Gensler, estariam sujeitas a um período de feedback público.

“Haverá uma nova ronda de foco nas regras de divulgação do clima, e o que vai significar para as empresas, investimentos, e, claro, o próprio clima”, diz Rachel Goldman, sócia da firma de advogados Bracewell.

A iniciativa vem, em grande parte, dos próprios investidores, que estão cada vez mais interessados em saber como as alterações climáticas podem ter impacto nas empresas que financiam.

A Casa Branca também quer abordar o risco financeiro relacionado com o clima. Biden emitiu uma ordem executiva no ano passado, pressionando o governo federal a ajudar a identificar os riscos colocados pelas alterações climáticas.

Embora o regulador tenha considerado a questão há anos, os esforços aceleraram sob a antiga presidente da SEC, Allison Herren Lee, e têm continuado sob a direção de Gensler.

“Quando se trata de divulgação de riscos climáticos, os investidores estão a levantar a mão e a pedir mais aos reguladores”, disse Gensler a um fórum sobre investimentos ecológicos no ano passado.

“Hoje, os investidores querem cada vez mais compreender os riscos climáticos das empresas, cujas ações possuem ou podem comprar”, acrescentou.

A maioria das empresas reconhece o impacto das alterações climáticas e muitas já se comprometeram a avançar em direção a emissões líquidas nulas.

Mas algumas empresas receiam que os mandatos da SEC possam ser uma dor de cabeça e deixá-las potencialmente sujeitas a processos judiciais, dada a dificuldade em medir as emissões e os riscos de alterações climáticas.

Anne Finucane, que supervisionou o trabalho do Banco da América sobre questões ambientais, sociais e de governação (ESG) como vice-presidente do banco, apoia o reforço das regras climáticas. Diz ainda que a elaboração de relatórios sobre o risco climático é exigente e pode ser duplicada.

“Neste momento, há pelo menos uma dúzia de terceiros, ONGs, que medem empresas — todas as empresas, não apenas instituições financeiras. É como um diagrama de Venn”, explicou Finucane.

Muitos legisladores republicanos opõem-se a que os reguladores financeiros entrem nas alterações climáticas.

Alice Carqueja, ZAP //

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