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Muçulmano americano indemnizado por detenção sem acusação

Um muçulmano americano detido sem acusação durante duas semanas após os atentados do 11 de setembro de 2001 vai receber 385 mil dólares (333 mil euros) de compensação do governo norte-americano e de um agente do FBI.

Abdullah al-Kidd foi detido em 2003 como “testemunha material”, uma formulação amplamente utilizado nos EUA após os ataques às torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, para garantir que os suspeitos estavam disponíveis para testemunhar em casos de terrorismo.

O detido foi mantido em isolamento por duas semanas, sendo revistado diariamente e mantido em condições muito duras, que incluíam a iluminação da sua cela por 24 horas, após o que foi colocado em liberdade condicional por 15 meses.

Abdullah al-Kidd, que foi detido no âmbito do caso de um estudante acusado de ter falsificado um visto, nunca foi acusado de qualquer ato criminoso, nem chamado a depor no julgamento do estudante, que acabaria ilibado.

O governo dos Estados Unidos apresentou as suas desculpas pelo sucedido e concordou em compensar Abdullah al-Kidd, um americano convertido ao Islão, revelou a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês).

“O governo reconhece que a sua detenção e prisão como testemunha foi uma experiência difícil para si e lamenta quaisquer dificuldades ou perturbações que daí possam ter advindo para a sua vida”, lê-se numa carta dirigida a Kidd.

“Estou satisfeito por o governo ter, finalmente, admitido aquilo por que me fez passar e me tenha compensado. Espero que mais ninguém tenha de passar pelo que passei”, declarou Abdullah al-Kidd, que, durante os 16 dias de detenção, passou por três prisões em três estados.

O grupo de defesa dos direitos humanos, que avançou com o processo em nome de Kidd, anunciou a resolução do caso, que se arrastava há uma década, e disse esperar que este acordo travasse o governo, que “abusou sistematicamente do conceito de ‘testemunha material’ após o 11 de setembro”.

“Que este acordo e os pareceres judiciais sobre ações ilegais do governo dissuadam tais abusos no futuro”, declarou Lee Gelernt, vice-diretor do Projeto de Direitos dos Imigrantes da ACLU.

/Lusa

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