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Muco marinho na costa da Turquia ameaça ecossistemas. E é só a ponta do icebergue

Yasin Akgul / AFP

Fotografia aérea tirada a 8 de junho de 2021 na costa de Caddebostan do Mar de Mármara, na Turquia

Esta semana, a Turquia lançou a maior limpeza marítima da sua história para fazer face à proliferação sem precedentes de muco marinho no Mar de Mármara, um sintoma de um problema ambiental muito maior.

Debaixo das ondas marinhas, cortinas de lama pendem em lençóis, com as flores a esgotar os níveis de oxigénio no oceano, sufocando a vida aquática e ameaçando a indústria pesqueira da Turquia.

O Presidente, Recep Tayyip Erdogan, prometeu salvar as costas de Istambul da “calamidade do muco“, alertando que é necessário “agir sem demora”, numa altura em que as autoridades turcas já despachavam barcos de limpeza e vários trabalhadores com camiões equipados com mangueiras para sugar o muco ao longo da costa.

A proliferação de algas surgiu, pela primeira vez nas águas turcas, em 2007, mas o surto deste ano é o pior já registado.

Segundo o Telegraph, a matéria orgânica flutuante é secretada por uma população de fitoplâncton em expansão, cujo crescimento descontrolado foi alimentado por um cocktail rico em nutrientes de esgoto, escoamento agrícola e outra poluição, de acordo com um comité académico formado pelo Conselho de Educação Superior da Turquia.

O Presidente turco atribui a culpa deste “flagelo” ao despejo de águas não tratadas de cidades como Istambul, com 16 milhões de habitantes.

Murat Kurum, ministro do Ambiente e Planeamento Urbano do país, reconheceu que o muco marinho é um problema sério e garantiu que o Governo planeia tornar todo o Mar de Mármara numa área protegida, adotar estratégias para reduzir a poluição e melhorar o tratamento das águas residuais de cidades costeiras.

A pesca excessiva, a acidificação dos oceanos e o impacto de espécies invasoras são fatores que estão inter-relacionados, mas os especialistas acreditam que as águas mais quentes associadas às mudanças climáticas estão a aumentar a proliferação desta gosma.

“O impacto do aumento da temperatura do mar devido às mudanças climáticas também desempenha um papel importante”, disse publicamente Erdogan.

Investigadores do Instituto de Ciências Marinhas da Universidade Técnica do Oriente Médio da Turquia avisaram, recentemente, que a temperatura do Mar de Mármara aumentou, em média, 2 a 2,5 graus Celsius nas últimas duas décadas.

Entre os esforços de limpeza imediatos e os efeitos de longo prazo das mudanças climáticas, a Turquia está à procura de soluções para melhorar o tratamento das águas e reduzir a poluição, de modo a amenizar a crise no Mar de Mármara, em muito impulsionada pela ação humana.

Liliana Malainho, ZAP //

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