Mpox mata mais crianças do que adultos. Europa em alerta para possível epidemia

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NIAID-NIH

Imagem de microscópio colorida artificialmente mostra vírus da Mpox

Nova variante da mpox, ou varíola dos macacos, é mais perigosa e afecta sobretudo os adultos, mas os números actuais demonstram que a taxa de mortalidade associada à infecção é bastante superior nos mais jovens. Assintomáticos podem transmiti-la. Vacinação é “a melhor estratégia”.

Desde o início de 2024, a mpox já matou 10% das crianças e 5% dos adultos infectados, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) citados pelo jornal francês Le Figaro.

A República Democrática do Congo (RDC) é o país que, nesta altura, regista mais casos, com 39% dos infectados a serem crianças com menos de 5 anos. Destas, 240 morreram, o que representa 62% do total de mortes relacionadas com a infecção, ainda segundo a OMS.

Assim, as crianças são “a faixa etária mais afectada” em 2024, segundo a organização.

Este detalhe é particularmente interessante para uma infecção que se tornou conhecida por ser sexualmente transmissível. Mas o professor Yazdan Yazdanpanah, director de uma agência independente francesa especialista em doenças infecciosas, explica ao Le Figaro que não é algo que seja surpreendente.

A varíola do macaco também pode transmitir-se pelo contacto com objectos contaminados e com lesões na pele, ou até por gotículas respiratórias.

Yazdanpanah refere ao Le Figaro que as crianças são “particularmente vulneráveis” às versões mais graves da mpox, independentemente da estirpe, tais como as grávidas e as pessoas com sistemas imunitários fragilizados, e nota que isso ajuda a explicar a elevada taxa de mortalidade nos mais novos.

Nova variante é mais grave e já está na Europa

Nesta altura, a nova variante clade 1-B da mpox é a que mais preocupa a OMS por ser mais perigosa, e também de mais fácil transmissão. Isso pode ser especialmente preocupante para os mais novos.

No caso das crianças, a maioria dos casos de transmissão ocorreu, até agora, com a estirpe anterior, a clade 1, por meio do ambiente e no âmbito das brincadeiras que fazem ao ar livre. Na RDC, foram detectados vários casos em crianças onde a transmissão ocorreu na escola.

Esta nova variante é considerada “mais grave” pela OMS, como já disse o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus quando declarou a situação de emergência de saúde pública devido à infecção.

Já foram detectados casos de mpox desta nova variante na Europa, nomeadamente na Suécia. Em Portugal, já se registaram vários casos da infecção, mas, até agora, nenhum é desta variante mais perigosa. Em Portugal já existem cerca de 17.000 pessoas vacinadas, que eram do quadro de alto risco do surto de 2022.

Relativamente a Portugal, “tem de haver uma sensibilização, por parte dos profissionais de saúde, para a sintomatologia desta doença, ou o espetro dos sintomas, na ótica da possível existência de casos importados, para que possamos atuar de imediato para os isolar”, diz a investigadora Ana Abecasis.

Assintomáticos podem transmitir mpox

Abecasis afirma que a mais recente variante da Mpox pode ser assintomática, mas a possibilidade de transmissão ainda não está bem compreendida.

“É possível a existência de casos assintomáticos — que nesta patologia penso que são menores -, mas a possibilidade de transmissão a partir de assintomáticos é que ainda não está bem compreendida”, explica à Lusa a professora assistente do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) da Universidade Nova de Lisboa.

Vacinação é eficaz na mitigação

Especificamente sobre África, “a melhor resposta (…) para colmatar este surto é através da prevenção porque, em termos de capacidade de resposta de recursos humanos em saúde para tratamentos, sabemos que temos recursos limitados nestes contextos e acaba ser mais difícil de atuar”, lamenta.

Por isso, priorizar a vacinação “será a melhor estratégia para tentar dar a volta a esta falta de recursos humanos”, aconselha.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma série de recomendações, que vão desde o diagnóstico precoce, o isolamento dos casos, a notificação de parceiros, a identificação dos contactos e a vacinação, mas o número de vacinas disponíveis é ainda baixo, diz.

Neste momento, há a questão da produção de vacinas, da distribuição e a priorização de pessoas de alto risco para começarem a ser vacinadas, mas o contexto local pode complicar essa ação.

No entanto, Aliança de Vacinas GAVI, cujo presidente é Durão Barroso, antigo primeiro-ministro português, tem um plano de resposta com uma verba financeira destinada a este tipo de emergências, de 500 milhões de dólares (cerca de 455 milhões de euros) e anunciou na sexta-feira a criação de uma reserva global de vacinas contra a Mpox.

“Neste caso, vamos ter que garantir que estas vacinas são distribuídas de uma forma coordenada e que as entidades a nível local conseguem ir controlando os casos que surgem e identificar contactos, de forma a impedir que a epidemia alastre rapidamente”, afirma a investigadora.

França em “vigilância máxima”

Contudo, a OMS alerta que podem surgir novos casos na Europa e o Centro Europeu de Prevenção e de Controle de Doenças (ECDC na sigla em Inglês) já fez soar os alarmes, alertando os países da União Europeia (UE) para se prepararem para uma possível epidemia.

Para isso, o ECDC “recomenda que as autoridades de saúde mantenham um elevado nível de planeamento” para garantir “a rápida detecção e resposta a quaisquer novos casos”.

Em França, o primeiro-ministro demissionário Gabriel Attal anunciou que o sistema de saúde do país está “em estado de vigilância máximo”, e já implementou “medidas de informação” para quem viajar para zonas de risco, bem como “recomendações” de vacinação para as “populações-alvo”.

O Presidente Emmanuel Macron também já determinou uma doação de vacinas aos países mais afectados pela infecção, revelou ainda Attal.

 

ZAP //

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2 Comments

  1. Já vi este filme. De facto já estava no menu da OMS. E seguramente já há , pelo menos, 8 mil milhões de vacinas prontinhas a ser distribuidas.

  2. O ex-juiz do Ergue-te não denuncia esta nova conspiração? Depois da Covid e da gripe das aves, já cá faltava mais uma epidemia para controlar a população. Esta destina-se provavelmente a controlar o fluxo de imigrantes para a Europa ou então, pelo contrário, disseminar a doença entre os europeus. Aposto que a China está ligada a isto.

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